A arte onírica do pintor argentino Xul Solar. |
Despertar com ambos alguma consciência. |
MITO
MITO
meu mito
acorde de lua sem pijamas
ainda que me afundes tuas espinhas psíquicas
mulher pescada pouco antes da morte
aspirossorvo até o delírio tuas magnólias calefaccionadas
quanto decoro teu luxuosíssimo esqueleto
todos os acidentes de tua topografia
entretanto declino em qualquer tempo
tuas titilações mais secretas
ao precipitar-te
entre relâmpagos
nos tubos de ensaio de minhas veias
OLIVERIO GIRONDO (1891-1967). Poeta argentino, equiparado em gênio a Jorge Luis Borges, mas, em estilo, ambos são diametralmente opostos, qualquer que seja o critério de comparação. Foi uma das vozes renovadoras da poesia durante as vanguardas latino-americanas. O poema acima é do tardio A pupila do zero (Iluminuras, 1995), cuja edição original, sob o título En la masmédula, é de 1954. A tradução é de Régis Bonvicino.
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