"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

SEXTA-FEIRA, EM FEIRA!

Imagem: Blog do El Mirdad.
Sexta-feira, dia 25 de setembro, às 18 horas, estarei na Feira do Livro de Feira de Santana, no estande Casarão do Verbo & Sebo Labirinto, para o lançamento de O enigma dos livros (P55, 2015) e da coleção Pato, cachorro, garoto e minhoca (Kalango, 2015). Leitores interessados, especialmente os de Feira de Santana, apareçam! Desde já agradeço a presença de todos.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

INÍCIOS EXEMPLARES, 14: P. Quignard

"Quando acaba a guerra? A província de Orléanais foi ocupada pelos celtas, pelos germanos, pelos romanos e seus doze deuses durante cinco séculos, pelos vândalos, pelos alanos, pelos francos, pelos normandos, pelos ingleses, pelos alemães e pelos americanos. No olhar da mulher, nos punhos que os irmãos levantam um contra o outro, na voz do pai que ralha, em cada um dos laços sociais, alguma coisa do inimigo sempre se conserva. Alguma coisa quer segurar. Alguma coisa quer matar. A finalidade de nossos esforços não é sermos felizes, envelhecer ao abrigo do frio, morrer sem dor. A finalidade de nossos esforços é chegarmos vivos até a noite."

QUIGNARD, Pascal. A ocupação americana. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. Tradução de Rubens Figueiredo. 128p.

ESTILO. A guerra repetitiva, a misturar os povos. A vida, renovada a cada guerra. Os costumes que ficam, os sestros que se perpetuam e passam de uma cultura a outra, de um povo a outro, deixando evidente que não há povo ou raça puros, nem cultura ensimesmada, sem influência de outra. O dinamismo da vida é o dinamismo da guerra. Por fim, a questão da busca da felicidade, revista por um narrador que acredita não ser este o propósito, mas sobreviver, ganhar o dia. As primeiras contundentes linhas de um romance breve, já uma obra-prima da literatura francesa.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

POETA-POEMA, 69: CZESLAW MILOSZ

Capa da Veja desta semana, com citação de Czeslaw Milosz.
| Expor um poeta, defini-lo com um só poema.
Despertar com ambos alguma consciência. |

DÁDIVA

Um dia tão feliz.
A névoa baixou cedo, eu trabalhava no jardim.
Os colibris se demoravam sobre a flor de madressilva.
Não havia coisa na Terra que eu quisesse possuir.
Não conhecia ninguém que valesse a pena invejar.
O que aconteceu de mau, esqueci.
Não tinha vergonha ao pensar que fui quem sou.
Não sentia no corpo nenhuma dor.
Me endireitando, vi o mar azul e velas.

CZESLAW MILOSZ (1911-2004). Poeta e romancista polonês, Prêmio Nobel de Literatura de 1980. Pouco publicado no Brasil, mas muito cultuado em outros países, é referência de entrada para a forte literatura do Leste Europeu, que legou ao mundo, de Kafka a Szymborska, as vozes do pessoal e da diferença. Romances publicados no Brasil: A tomada do poder (Nova Fronteira, 1988) e O vale dos demônios (Francisco Alves, 1982). Poema extraído de Não mais (UnB, 2003), em versão de Henrik Siewierski e Marcelo Paiva de Souza.

terça-feira, 1 de setembro de 2015