"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

sábado, 4 de junho de 2011

O MUNDO ATRAVÉS DE UM RAIBÃ

Conheci Tom Correia através de outro contista, Rodrigo Melo, de Ilhéus, que me disse: “Você precisa ler os contos de Tom Correia L.!” Naquela época, o Tom assinava seu nome assim, com um enigmático L final.

Não demorei a achar seu primeiro livro, Memorial dos medíocres, e foi então que comecei com ele uma proveitosa relação leitor-autor, a ponto de, em todas as aulas e oficinas de literatura que ministrei desde então, não deixar nunca de usar seus textos ― e que em geral acabavam por constituir uma atração à parte, tão fascinados ficavam os alunos. Acho que isso se deve ao fato de seus contos parecerem despretensiosos e fáceis de ler, embora a constante moldura de ambiguidade e ironia. Ora, esse é um dos grandes méritos de bem poucos prosadores: parecerem tão naturais quanto o ar que respiramos. A empregada do húngaro Ferenc Molnár chegou a dizer um dia que, se quisesse, ela também poderia escrever como ele!

Tanto em Memorial dos medíocres quanto neste Sob um céu de gris profundo, Tom Correia é quem ele é: simples, direto, irônico, bem-humorado e, sobretudo, melancólico. É um dos autores mais melancólicos que já tive oportunidade de ler. Talvez só Tchekov, na Rússia, e Kosztolányi, na Hungria, tenham chegado a esse nível de tristeza. Um outro paralelo que encontro é o do norte-americano, considerado o pai do minimalismo na literatura, Raymond Carver.

Dizer o que se tem a dizer num tom específico não é para qualquer autor. E Tom Correia encontrou o seu ― aparentemente sem esforço. Contudo, pensar assim é um equívoco: Tom labuta sobre seu texto como um relojoeiro, até atingir este atributo e fazer com ele a sua arte.

Eu poderia me estender aqui, a comentar os contos do Tom e a exemplificar o método que ele estabeleceu e que, ao menos por ora, o define, mas é preferível que o próprio leitor o faça. Direi apenas que um dos contos que mais admiro no volume é Um raibã, espécie de teatro da condição do escritor em nossa época. Em muitos casos, quem publica e faz sucesso é quem não diz nada de relevante, mas o faz com pompa, belas capas e toda uma assessoria de imprensa que o coloca em evidência na mídia e obriga o público a consumi-lo. Situação compreensível, afinal de contas, como afirma o protagonista do referido conto, oferecer ideias é um perigo ― e ainda mais, talvez, absorvê-las.

Malditos sejam os escritores ocos que escrevem para uma plateia dotada de cabeça de papelão! Não é o caso de Tom Correia. Com ou sem L.

Foto: Tom Correia é o último à direita, com seu "raibã". Ainda na foto: os escritores Carlos Barbosa e Elieser Cesar, e as poetisas Ângela Vilma e A. Café-Gallo. O local: o velho bar e restaurante O Líder.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O CÉU DE TOM CORREIA

Finalmente, depois de quase uma década sem publicar, Tom Correia chega ao seu segundo volume de contos, numa coedição da Casarão do Verbo e Língua Solta, com o apoio da Fundação Pedro Calmon (Secretaria de Cultura), com os recursos do Fundo de Cultura.

Não percam a noite de autógrafos com o autor: dia 10 de junho, às 19 horas, na Galeria do Livro, Espaço Unibanco de Cinema, Centro, Salvador, BA.

Clique sobre o cartaz para ampliá-lo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

VAMPIRAGEM

Palestras e conferências de Carlos Ribeiro, Mônica Menezes, Nancy Vieira e Milena Britto sobre Bram Stoker, Miguel Sanches Neto e Sheridan Le Fanu.

Realização da Diretoria do Livro e Leitura, da Fundação Pedro Calmon, Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. O evento, em quatro edições, ocorrerá nas bibliotecas públicas. Dias, locais e horários, no cartaz.

Clique no cartaz para ampliá-lo e facilitar a leitura.