"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

segunda-feira, 30 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 29: DOIS GRANDES JOGOS!

O primeiro gol da Alemanha, nascido de um erro (IG).
Haja o que houver daqui por diante na Copa do Mundo, o certo é que hoje, tanto em Brasília quanto em Porto Alegre, tivemos dois grandes jogos, especialmente Alemanha versus Argélia, uma vez que esta última encarou a tricampeã do mundo de igual para igual, esteve por marcar o gol antes da Alemanha e, mesmo depois dos 0x2, já ao fim da prorrogação, jamais desistiu de lutar. E por pouco, depois que fez seu gol, não empatou. Um exemplo de perseverança e otimismo. Um hurra para a Argélia, que volta para os seus domínios de cabeça erguida. 

O embate entre França e Nigéria teve os seus percalços dramáticos, mas em doses menos letais e mais para o lado da França, que lutou incansavelmente por um resultado favorável durante o tempo regulamentar, para fugir da fadiga excessiva de uma prorrogação. Ao fim, com os 2x0, foi recompensada e pegará a Alemanha nas quartas de final com um pouco mais de energia e menos desgaste. Mas, sendo o jogo que é, entre duas potências do futebol, isso não é vantagem nem aqui nem em Paris. Mesmo assim, acho que a França é mais time e mais jovem e mais impetuosa.

Será o grande duelo de Benzema contra Müller, que hoje não foram felizes. O último, inclusive, levou um tombo que só se vê em peladas de fim de semana. Uma cena jocosa, chaplinesca: Müller vai bater a falta e se estabaca de cara na grama à cata de invisíveis moedas. O primeiro gol alemão também foi nesta base: Schürrle errou o chute e acertou o gol. Duas autênticas patacoadas de amadores. Mas o que vale é o resultado.

domingo, 29 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 28: A HORA DA COSTA RICA!

Costa Rica classificada no Recife (IG).
Numa postagem anterior, eu disse que a Grécia não seria fácil, como não foi. E também que a Costa Rica não poderia se assoberbar, como não o fez; aliás, ela respeitou o adversário até demais e por isso sofreu para se classificar.
 
Ao fazer o gol, numa arquitetura perfeita e um arremate preciso de Brian Ruiz, que deixou o goleiro grego parado, a Costa Rica ainda assim não mudou sua maneira respeitosa de encarar a Grécia e foi assim que, ao perder um jogador, expulso, teve toda a sua estrutura tática desmontada. A solução foi lutar para não levar gol e esperar por um contra-ataque milagroso. E à Grécia coube ir à frente, numa pressão intensa, recompensada pelo empate, assinalado por Sokratis, talvez com uma ajudinha do filósofo: 1x1.
 
Ao fim, ao vencer por 4x3 nos pênaltis, a Costa Rica viu seu esforço ser coroado pela vitória e sobretudo ganhou algum cadinho de tempo e descanso para talvez retomar sua história nesta Copa, que é mais de técnica e ataque que de superação e resistência. Nestes dois últimos quesitos, a mestra foi a Grécia, para a qual cada jogo foi uma batalha.

DIÁRIO DA COPA, 27: A BANDA BOA DA LARANJA!

Huntelaar decisivo (IG).
Em Fortaleza, o México, à frente no placar desde o início do segundo tempo, cometeu um erro aos quinze minutos: retirou o autor do gol, Geovanni dos Santos, e colocou um defensor, com o propósito, evidentemente, de garantir o resultado com uma retranca. Do outro lado, a Holanda fez o inverso, trouxe mais atacantes para o campo, trocou Van Persie, que não estava numa boa jornada, pelo descansado Huntelaar e avançou o time. Resultado: virou o jogo para 2x1 e se classificou. Huntelaar, inclusive, foi decisivo: deu o passe para o gol de Sneijder e, friamente, bateu o pênalti que decretou a vitória.
 
Nenhuma simpatia que possamos ter pelo México esconde o fato de que, ao longo de sua história nas Copas, o país sempre jogou para não perder, e é muito difícil se mudar um estilo da noite para o dia. O México pagou o preço de sua natureza defensiva.
 
A Holanda, por sua vez, cumpriu o esperado e que sempre foi uma de suas mais elogiadas características: jogou para a frente. E talvez por isso conquistou três vice-campeonatos: jogar para a frente leva às decisões tanto quanto às derrotas,  porque nem sempre vence o melhor, nem aquele que mais se atira ao ataque. 

sábado, 28 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 26: A COLÔMBIA!

A dança da Colômbia (IG).
O que tem Neymar de espalhafatoso e boboca, tem James Rodríguez de discreto e eficiente. O primeiro tudo faz para estar em evidência; o segundo só fica em evidência quando faz alguma coisa, como os dois gols de hoje, que decretaram a vitória sobre o Uruguai e puseram seu país pela primeira vez nas quartas de final de uma Copa do Mundo.
 
Sem muito esforço, e servindo aos seus companheiros sempre, o dez da Colômbia chega a cinco gols na Copa e já é, inquestionavelmente, um dos seus craques, ao lado de Robben, Van Persie, Messi, Müller, Valbuena, Benzema, Campbell, Bolaños, Dempsey e Hazard.
 
Vendo hoje a Colômbia jogar de amarelo, me perguntei se não era o Brasil... E, depois, por que o Brasil não jogava assim. Ora, a explicação é simples: estamos numa fase de transição, com escassez de bons jogadores em algumas posições, e quatro são bem evidentes: um meia-esquerda armador (canhoto de preferência), um meia-direita (não um volante, mas um oito, à semelhança de Falcão ou Sócrates), um centroavante (rápido, técnico, como Careca ou Reinaldo) e um segundo atacante, veloz, mas que não prenda muito a bola, um jogador que trabalhe mais para o time e menos para si. Nas outras posições, especialmente na defesa, o Brasil está bem servido.
 
Voltando ao jogo da Colômbia: mesmo o Uruguai tentando reagir, naquela base da vontade e da mordida, a Colômbia jamais perdeu o controle do jogo, fez 2x0, pôs o adversário no bolso e, com certa facilidade, confirmou que não veio ao Brasil para fazer turismo. É uma forte candidata ao título e, se o Brasil não se cuidar, vai parar na próxima partida, pois devemos admitir que mais cedo ou mais tarde a técnica se sobrepõe à sorte ou à vontade, e neste quesito a Colômbia é melhor.

DIÁRIO DA COPA, 25: SÃO JÚLIO!

Duas defesas, duas bolas na trave (IG).
Minha sogra está certa, quando disse que Filipão é um boneco, o bobo da casa. Além de montar um time com um punhado de volantes, é incapaz de perceber quais os jogadores que não estão bem e mudar o time.

Neymar, por exemplo, que foi um dos piores hoje (mal posicionado em campo e individualista demais), pode morrer de diarreia, que Filipão não o substitui. Também não coloca Hernanes e, como o resto do material humano é muito igual, não tem como fazer o time jogar de outra forma, variar. O Brasil fica dependendo o tempo todo de lampejos individuais ou de lances fortuitos, como o gol, que surgiu de uma bola parada e, claro, de uma trapalhada da defesa do Chile.

Os pênaltis não foram um castigo, mas sim um obstáculo favorável à reflexão. Que o time, contra Uruguai ou Colômbia, venha a campo com uma lição: não somos grande coisa, não podemos nos assoberbar, nem confiar no juiz, que nenhum juiz é confiável; a única arma que temos é a vontade de vencer, é isso que deve prevalecer, mais nada.

E o time precisa brigar mais em campo. Thiago Silva, como capitão, precisa orientar o time, regular alguns jogadores: ou porque estão apáticos ou porque se omitem ou porque querem a bola para si. Não vejo para o que serve um capitão, se ele não faz isso.

Quanto à decisão por pênaltis, previ que Júlio César, um dos poucos realmente atentos em campo, pegaria dois; e ainda acertei o último, que foi na trave. Claro que não sou vidente, foi só minha vontade, que coincidiu com o que aconteceu. Me acostumei a ver o Brasil golear o Chile, que jamais nos impôs dificuldades. Sempre foi um saco de pancadas. E, além disso, ser eliminado pelo Chile nos pênaltis em casa seria demais! Se ainda fosse a Holanda...

VÁ E VEJA, 22: HELENO

Heleno de Freitas talvez tenha sido, no Brasil, o primeiro grande jogador de futebol a se afundar em problemas e a eles sucumbir. Foi ídolo no Botafogo, jogou no Boca Juniors, passou pelo Vasco da Gama, por um clube obscuro da Colômbia e, de forma conclusiva, pelo América (RJ), clube que ele desprezava. Dotado de temperamento difícil, culpava os companheiros pelas derrotas, atracava-se com eles, discutia com os técnicos e, colérico, depredava os vestiários. Também se envolveu com diversas mulheres, tornou-se presa de drogas lícitas e ilícitas, contraiu sífilis e acabou morrendo jovem e louco. Tudo isso, com o páthos exato para nos sensibilizar, está expresso no ótimo longa-metragem brasileiro Heleno (2012), de José Henrique Fonseca.

Há muitos anos que deixei de admirar o cinema brasileiro, mais afeito hoje às pressões do mercado e às imposições multiculturais, e conto nos dedos os filmes que, de fato, podemos chamar de obra de arte cinematográfica. Este é um deles, a começar pela trama, que, baseada num assunto trivial (a biografia de um problemático jogador de futebol), tinha tudo para fracassar. Mas os realizadores (roteiristas, diretor e fotógrafo) foram muito felizes no estabelecimento de uma estrutura que alterna os dias de glória do craque com seus momentos terminais numa clínica psiquiátrica. Entremeando os dois tempos, surgem as recordações idealizadas do jogador, oriundas de seus delírios químicos. Neste sentido, é como se assistíssemos a uma exposição dialética: o êxito no futebol (tese), a decadência pessoal (antítese) e o sonho substitutivo (síntese). Incapaz de se repetir perante o tempo implacável, que o engolfa, Heleno se refugia numa realidade onírica, na qual prevalece uma existência ideal, livre de percalços.

Outro aspecto a se ressaltar é a fotografia, em p&b, que permite ao filme, a um só tempo, remontar cenário e época, dos quais só restam as matérias jornalísticas e um punhado de fotografias, e conceber, sem impacto para a percepção do espectador, uma textura de imagem que reúne, eficientemente, o material de arquivo com as sequências propostas para o desenvolvimento do entrecho. O resultado é um filme fluido, sem pretensão biográfica, que abdica do futebol em favor do âmbito extracampo e faz de Heleno de Freitas uma vítima de si mesmo e um protótipo humano de todos nós, que mal estamos preparados para o sucesso e não sabemos lidar com os fracassos. 

Culpar o outro, diminuindo-o ou achincalhando-o, é o escape mais fácil e ao qual não nos furtamos. Assim também era Heleno de Freitas: o culpado era o lateral supostamente onanista ou mesmo todo o time, formado por pernas de pau (salvo ele, Heleno). De onde ele estava, na sua grandeza e talento incomparáveis, o mundo era pequeno, estranho e inimigo. E assim foi até o fim.  

Aproveite a Copa do Mundo e assista a Heleno. É uma representação perfeita deste frenesi mundial em torno da bola ou, mais provavelmente, o seu contraponto, se concordarmos que aquilo que nos mostram é só uma face da moeda. Iluminada e furta-cor.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 24: CHIELLINI

Chiellini em ação na Azzurra (Google).
Desde que a Copa do Mundo começou, este é o primeiro dia sem jogos. Em compensação, veio a público uma excelente declaração de Chiellini, a vítima de Vampirito Suárez, que, em suma, disse: não tem raiva nem qualquer sentimento de vingança contra Suárez e que a punição é excessiva; lamenta pelo jogador e sua família, devido ao longo período que Suárez ficará afastado do futebol, e sugere que ele, mesmo alijado da Copa, seja autorizado a ficar ao lado de seus companheiros durante o restante dos jogos. Maior prova de civilidade e profissionalismo, impossível. E nesta declaração se percebe a diferença entre os dois jogadores. Chillini, além de um ótimo zagueiro, firme e leal, parece ser um sujeito inteligente e cortês. Mais uma lição (ou punição) para o Vampirito.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 23: O CRIANÇOLA SUÁREZ!

A prova (UOL).
Nos jogos de hoje, que fecharam a primeira fase da Copa e definiram os últimos confrontos das oitavas de final, nenhuma surpresa. Burocrática, a Alemanha venceu, pelo grupo G, os EUA por 1x0, no Recife, enquanto Portugal batia Gana, a mais confusa das seleções africanas, por 2x1, em Brasília. Müller chegou ao seu quarto gol e o exibido Cristiano Ronaldo se despediu do Mundial com um gol de araque, praticamente ofertado pelo goleiro ganês. Alemanha e EUA classificados para pegar, respectivamente, a Argélia (1x1 com a Rússia, em Curitiba) e a Bélgica(1x0 na Coreia do Sul, em São Paulo), as classificadas do grupo H.
 
O jogo mais emocionante do dia foi, sem dúvida, o empate heroico que garantiu a Argélia, pela primeira vez, nas oitavas de final. Em 1982, e sempre me lembro deste jogo, a Argélia estreou na Copa da Espanha com uma vitória sobre a Alemanha Ocidental. O gol decisivo do milagre foi marcado por Belloumi e garantiu, até aqui, a única vitória de um time africano sobre uma grande seleção mundial. Um feito, portanto, que jamais se repetiu e que, talvez, tenha chegado muito cedo, se examinarmos o histórico da Argélia em Copas do Mundo e também das outras seleções do continente, que em geral não vão muito longe. Ironicamente, e digo que não é coincidência, quando a Argélia consegue passar da primeira fase numa Copa, vai enfrentar a Alemanha... Os deuses, quaisquer que sejam, estão nos reservando algum novo drama, repleto de páthos. 
 
A Argélia pode ter êxito, se jogar com a vontade e a disciplina tática dos três jogos da primeira fase. E sobretudo se tiver consciência de suas limitações e respeitar a Alemanha. O mesmo se aplica a Grécia, Suíça, México, EUA, Nigéria, Uruguai e Chile, os azarões das Oitavas. O certo é que uns dois ou três destes vão surpreender os tais favoritos e avançar, ainda que seja através dos pênaltis. Só não sei quais, pois não sou vidente.
 
Este dia também foi muito importante para a Copa do Mundo, porque puniu-se um embusteiro: Vampirito Suárez. Quando ontem ouvi que a representante da FIFA afirmou que o veredito seria rápido, me convenci de que a punição já estava definida e era grave. Pois foi. E que assim seja, sempre. Nunca é tarde para se começar uma nova era. Digo isto porque um amigo me disse que outros jogadores, em outras Copas, não tinham sido punidos por infrações "equivalentes", e que por isso não se deveria punir o criançola uruguaio. Ora, não é porque algo nunca aconteceu que não deve acontecer, sempre há uma primeira vez para tudo.
 
E vou mais além: por mim ele não jogava futebol nunca mais, afinal foram três mordidas ao longo de sua curta carreira. Seu esporte é outro. E é altamente perigoso ficar perto dele. Goza de muita coragem aquela ou aquele que dorme com ele.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 22: 8 VERDADES E UM RECEIO

Ele, só ele (IG).
1) Sem novidades no front da Copa nos jogos de hoje. Prevaleceram os resultados previstos.

2) Em Porto Alegre, a classificada Argentina fez treino de luxo contra a Nigéria, que até se esforçou, mas foi batida por Messi, que acrescentou mais dois gols à sua antológica coleção: 3x2.

(Às vezes, penso que quando Messi não jogar a Argentina vai perder. E talvez pense assim também o técnico argentino, que logo o substituiu, de modo a preservá-lo para o próximo confronto, no qual tudo pode acontecer, afinal de contas o adversário é a Suíça, a única seleção que venceu, na última Copa, a campeã Espanha. Portanto, não se surpreendam se a força física suíça despachar a regularidade de Messi. O mata-mata é para isso. Nivelar os pratos da balança.)

3) Mesmo perdendo, a Nigéria passou à frente e vai medir forças com a França, primeira colocada do grupo E e que hoje, com time misto, não passou do zero a zero com o Equador, eliminado pela vitória de 3x0 da Suíça sobre Honduras.

4) No outro jogo do grupo F, a garfada Bósnia & Herzegovina fez 3x1 no Irã em Salvador, para nada, pois o juiz a eliminara no último jogo.

5) Doze gols em quatro jogos. Está mantida a ótima média da Copa. Na próxima fase tende a diminuir, consideravelmente. E virão os angustiantes pênaltis. A loteria dos nervos e dos músculos.

6) Mais algumas patacoadas dos juízes. Mais algumas complacências também: vimos hoje faltas muito mais duras que a suposta infração de Marchisio ontem no jogo da Itália contra o Uruguai, e, às vezes, não se puxou nem cartão amarelo...

7) Não se viu ninguém mordendo ninguém em campo nos jogos de hoje. Por enquanto. Pois, se a FIFA não punir Vampirito Suárez, o fato pode se tornar ato frequente, como os agarrões durante os escanteios ou as cotoveladas disfarçadas de movimento de braço nas disputas de cabeça.

8) Vale tudo quando está em jogo um prestígio de quatro anos. Vide a Espanha, que não passava de uma seleção de segundo ou terceiro escalão, mas, de 2010 para cá, criou soberba.

terça-feira, 24 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 21: BRAVA GRÉCIA

O pênalti que classificou a Grécia (MSN).
Os dois jogos que definiram hoje os classificados do grupo C, apesar da supremacia da Colômbia, que goleou o Japão, foram emocionantes, como quase todos os jogos desta Copa.
Em Cuiabá, mais uma vez ficou comprovado que é mais fácil reconstruir Hiroxima que o Japão acertar o gol. O resultado de 4x1 a favor da Colômbia comprovou também que o país sul-americano pratica um futebol de técnica e velocidade, como a Holanda e a França, e que pode, apesar da simpatia da arbitragem pelo Uruguai, aspirar a voos maiores nesta Copa. Seu camisa dez, James, é realmente um ótimo jogador e candidato efetivo a integrar a seleção da Copa. Distribui excelentes passes, faz gols (e fez mais um, bem estético) e não é fominha, como certos jogadores, que jogam para si mesmos, de olho em sua história pessoal. Merecidamente, e com sobras, a Colômbia alcançou o primeiro lugar, num grupo que não esteve à altura do seu poderio.
No outro jogo, em Fortaleza, o empate favorecia à Costa do Marfim, mas os deuses deram uma ajudinha à Grécia, que tirou forças do nada e conseguiu, já nos descontos, fazer 2x1. Foi um prêmio para um país que, mesmo tendo perdido na estreia por 3x0 para a Colômbia, não se entregou e foi melhorando, jogo a jogo. E tem histórico de superação, quando, em 2004, foi a grande zebra e ganhou a Eurocopa. Vai para o confronto com a Costa Rica como franco-atirador, e então tudo pode acontecer. O certo é que teremos nas quartas de final uma surpresa: ou Costa Rica ou Grécia, que no mínimo estarão entre as oito melhores seleções do mundo. O que, convenhamos, não é pouco.

DIÁRIO DA COPA, 20: O JUIZ DECISIVO

Godín: Uruguai 1x0 Itália (IG).
O melhor jogador em campo em Natal, no confronto entre Itália e Uruguai, foi o juiz. Sua soberba atuação foi decisiva para o resultado, com a assistência precisa que deu à seleção uruguaia, ao expulsar, me parece que injusta e exageradamente, o meio-campo Marchisio. Não sei nem se foi falta, mas, se foi, não sei se foi para cartão vermelho. Talvez nem para amarelo: Marchisio passa por um adversário, choca-se com outro, e a chuteira do italiano raspa a perna do uruguaio, que vai ao solo, numa cena digna do pior dramalhão mexicano. E veio o cartão vermelho, inapelável.
 
O fato é que o juiz não esteve bem. Alternava conversa excessiva com ausência de cartões, conforme orientação da FIFA, mas, de súbito, se perdeu e favoreceu decisivamente o Uruguai. Se me cabe especular, diria que foi o idioma. Mexicano, o juiz simpatizou com os uruguaios e, lá no fundo da alma, viu a Itália como o colonizador, à semelhança da Espanha, e, no miúdo do jogo, foi se deixando pender. Inclusive, foi negligente quando não puniu com o cartão vermelho o atacante Suárez, que, de fato, com um tremendo bocão, mordeu o zagueiro Chiellini. O jogador italiano chegou a correr atrás do juiz, a mostrar o ombro ─ a evidência da falta, a prova da infração  ─, mas sem efeito. O precedente lança a hipótese de que, a partir de agora, nas Oitavas, morder é válido. E teremos a primeira Copa de Vampiros.
 
Se o Uruguai renasceu no jogo em que venceu a Inglaterra, consolidou seu renascimento hoje, com a simpatia do juiz. E quando a arbitragem torna-se simpática a um time, este vai longe. No Brasil, há alguns clubes que desfrutam e muito desta prerrogativa. É bem provável que contra a Colômbia este sentimento aumente, e o Uruguai saia favorecido, mais uma vez.
 
No outro jogo do grupo D, em Belo Horizonte, a Costa Rica segurou o zero a zero contra a Inglaterra e, assim, o primeiro lugar. Um feito histórico, primeira posição no chamado Grupo da Morte, com um imprevisto desempenho que destroçou três campeões mundiais, dois dos quais saem precocemente eliminados. Para a Costa Rica, foi como ganhar a Copa, o que ela dificilmente conseguirá, e digo isso com o mesmo sentimento de simpatia que inclinou o juiz a favorecer hoje o Uruguai.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 19: O ÓBVIO

Brasil coletivo (IG).
Nos quatro jogos do dia, deu o óbvio: em São Paulo, pelo grupo B, Holanda bateu o Chile por 2x0 e ficou com o primeiro lugar do grupo, ao passo que em Curitiba a Espanha se despediu da Copa com um 3x0 na esforçada Austrália. Mais tarde, em Brasília, pelo grupo A, Brasil 4x1 no já eliminado Camarões, enquanto o México, em Recife, despachava a Croácia: 3x1.
 
Os confrontos, portanto, ficaram definidos: Brasil versus Chile, Holanda versus México.
 
Neymar compensou seu individualismo com os dois gols, mas o gol mais importante do Brasil foi mesmo o de Fernandinho, resultado de um trabalho em conjunto e que é, no futebol moderno, a essência deste esporte praticado em todo o Planeta: na troca de passes entre Fernandinho, Oscar, Fred e Fernandinho, este fez o gol. Na Holanda aconteceu a mesma coisa: o segundo gol, em mais uma arrancada em velocidade de Robben, a bola passou por três jogadores da Holanda antes de chegar às redes.
 
O individualismo, consagrado pelo drible, é circunstância, um expediente necessário num momento específico, inevitável, e cujo propósito é livrar-se de um obstáculo, o adversário. Não é algo que se procure. Os dribles de Garrincha, por mais que sejam belos e empolgantes, ficaram para trás.
 
E a Espanha só na última rodada disse ao que veio nesta Copa. Uma vitória que é antes de tudo melancólica e marca o fim de uma hegemonia que, na minha opinião, sempre foi falsa: uma consequência da transição por que passou o futebol de 2002 para cá. A França volta a crescer, a Holanda se renova, o Brasil consegue se reciclar, a Alemanha se reinventa, a Bélgica ressurge, a Argentina e a Itália se apuram, o Uruguai revive, outras forças surgem, como Chile, Colômbia, México, Costa Rica, EUA e as africanas Costa do Marfim, Gana e Argélia. Dentre os primeiros provavelmente sairá o campeão, com ligeira vantagem para Holanda, Brasil, França, Argentina, Itália e Alemanha. Mas um país de menor expressão pode surpreender, e esta é a Copa das surpreendentes Costa Rica, Bélgica, Colômbia, EUA e Argélia.
 
Não era, de fato, uma Copa para os decadentes Portugal, Espanha e Inglaterra. O primeiro deposita tudo num jogador, que, por sua vez, parece meio entediado e fleumático em campo, alheio ao que pode produzir e muito afeito às situações de imagem pessoal (Neymar também caminha para isso); a segunda depende por demais de um sistema de jogo que não funciona mais e, além disso, não consegue implantar uma alternativa eficaz; e a terceira vive o fantasma de ter inventado o futebol e não conseguir jogá-lo modernamente.

domingo, 22 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 18: DISTRAÇÃO

Uma única bola de CR7 no jogo: 2x2 (IG).
Em Manaus, os EUA, com uma distração no final, deixaram escapar tanto a vitória quanto a classificação antecipada. Se ontem, Gana, não matou o jogo com a Alemanha por causa de um ato de egoísmo de um de seus jogadores, hoje, os EUA pecaram por achar que o jogo estava ganho. E não se deve descuidar com um time que tem um craque. Pois bem, o sete português, que não fizera nada o jogo inteiro, deu um passe milimétrico para seu companheiro Varela, que empatou o jogo a um minuto do fim: 2x2. Não é muito, para uma seleção que precisava ganhar a todo custo, mesmo porque agora Alemanha e EUA jogam por um empate, e um comportamento de compadre cai bem. De resto, levantou-se a hipótese, durante o jogo, de que Nani é Cristiano Ronaldo, e este é Nani, que estão disfarçados, os dois. O que não se sabe é se isso é uma trapalhada portuguesa ou uma jogada de marketing.

DIÁRIO DA COPA, 17: HAZARD

As diabinhas da Bélgica e uma torcedora russa (MSN).
No Maracanã, ao calor insuportável das 13 horas, Bélgica e Rússia jogaram sem muito ânimo. (Eu queria ver o Brasil correndo neste horário!) Sobretudo a Bélgica pareceu sentir mais a alta temperatura, mas, quase no fim, Hazard, o craque do time, despertou, fez linda jogada pela esquerda e serviu ao seu companheiro, Origi, que chutou e marcou: 1x0. (Essa sorte Fred não tem. Neymar ficaria a tarde inteira driblando os caras e não passaria a bola nem que ficasse nu de tanto levar pancada. O cara gosta de apanhar dos homens. É masoquismo.) Resultado: Bélgica classificada, para alegria das diabinhas presentes no Maracanã.
 
Mais tarde, em Porto Alegre, foi a vez da Argélia mostrar que está viva no grupo H e golear a brava Coreia: 4x2. Forte fisicamente, habilidosa, com um contra-ataque veloz e bom fluxo de passes, a seleção africana deve ficar com a segunda vaga do grupo, ainda que, do outro lado, na última rodada, esteja a Rússia, com mais camisa e mais história. Instável e pouco eficiente no ataque, o time russo deve, desde já, começar a pensar em reciclagem, para não fazer feio, como país sede, na próxima Copa.  

sábado, 21 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 16: O IMPEDIMENTO

Juiz elimina a Bósnia (IG).
E a única estreante desta Copa vai embora. Em Cuiabá, depois de ter um gol legal invalidado pelo juiz, a Bósnia & Herzegovina tomou um gol da Nigéria, perdeu o jogo e está eliminada. O próximo jogo, contra o perigoso e perseverante Irã, será uma indigesta formalidade, importante apenas para o adversário, que alimenta uma remota chance de classificação. Mais uma vez, na Copa, um impedimento mal marcado decreta o destino de um país. São tantos, atualmente, os jogos decididos por interferência de erros do juiz, neste tipo de infração, que a cúpula do futebol mundial deveria começar a pensar no seu fim, bem como do pênalti, cuja marcação tornou-se consequência de uma interpretação não raras vezes subjetiva, a ponto de um ex-juiz, comentarista de uma emissora de tevê, dizer, na maior cara de pau: "Eu não marcaria este pênalti". Ora, ou é pênalti ou não é.

DIÁRIO DA COPA, 15: EGOÍSMO!

2x2, com Klose (IG).
E mais uma vez uma seleção africana desperdiça a oportunidade de vencer um grande do futebol, ou por firula ou por egoísmo. Em Fortaleza, depois de tomar o gol inaugural e virar o jogo, um dos jogadores ganeses escapou pela esquerda e, em lugar de servir a seu companheiro, em posição perfeita para o arremate, chutou a gol, por puro egoísmo, como o dez do Brasil, que não passa a bola para ninguém e insiste em ser protagonista a qualquer custo. Consequência: a Alemanha empatou em seguida, com Klose, e por pouco não venceu o jogo. Os dois, tanto o jogador de Gana quanto Neymar, deveriam se mirar no jogador francês, o Giroud, que ontem prorrompeu numa corrida intensa pela esquerda e serviu ao seu companheiro, que só teve o trabalho de empurrar para o gol. Isso é conjunto, coletivo, futebol. O resto é tênis. Agora, Gana joga todas as suas fichas contra Portugal, isso se amanhã os EUA não aprontarem para cima dos lusos e não acabarem líderes do grupo, o que faria do confronto com a Alemanha, na rodada final, um jogo de compadres. Ah, Gana!

DIÁRIO DA COPA, 14: MESSI!

Messi em alta (IG).
Foi tudo o que aconteceu no embate entre Argentina e Irá, em Belo Horizonte: o gol de Messi, inesperado, preciso e providencial. Tenho a impressão de que também a Argentina anda treinando na Granja Comary. Jogou tão parecida com o Brasil, que, por instantes, cheguei a ver Neymar partindo para cima dos homens, como ele gosta de fazer, em lugar de seguir pelos atalhos ermos ou  tocar a bola... Mas era Di Maria em mais uma de suas arrancadas vazias. E o Irã surpreendeu e por pouco não venceu o jogo. Virá a Copa em que o Irã fará isso, sem piedade, como a Costa Rica. Questão de tempo.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 13: REDIVIVO

Aos céus (MSN).
Em Curitiba, o último jogo do dia, entre Equador e Honduras, constituiu mais uma virada no torneio e fez renascer as esperanças de mais um país sul-americano nesta Copa. Como o Uruguai ontem, o Equador entrou em campo com o propósito de ganhar e só ganhar. E como no jogo do Uruguai o placar foi 2x1. E não há muita diferença para os dois no que será a última batalha desta fase: Equador pega a França, e o Uruguai, a Itália. Se a Itália ainda pode se classificar, a França quer garantir a primeira posição no grupo. Ou seja, basta à Azzurra e aos Azuis o empate. Tantas semelhanças não podem ser coincidência. Ou podem.

DIÁRIO DA COPA, 12: FRANÇA ELETRIZANTE!

Mais um, de Sissoko! (IG)
Na Fonte Nova, em Salvador, o estádio das goleadas, a França sapecou 5x2 na Suíça, num jogo eletrizante. O primeiro tempo françês foi quase perfeito: três gols, um pênalti perdido, velocidade, toque de bola, contra-ataques mortais e um senso de conjunto de dar inveja a Felipão e seus pupilos.

No segundo tempo, não foi diferente: logo o placar estava 5x0, com a França se dando o luxo de perder um gol atrás de outro, talvez por excesso de zelo. A Suíça descontou com um gol de falta, seguido de outro, em troca de passes pela direita. Mas era tarde para uma reação mais maiúscula. A França ainda teve um gol, de Benzema, não confirmado, pois o juiz acabou o jogo antes que o atacante chutasse para as redes. Algo inusitado, que lembrou o gol de Zico, de cabeça, num escanteio, contra a Suécia, na Copa de 1978. Naquela oportunidade, o juiz também acabou o jogo com a bola no ar. É o segundo gol de Benzema garfado pela FIFA nesta Copa.

A França impressiona pela disposição, velocidade, ágil troca de passes, uma defesa segura e, sobretudo, pela capacidade de envolver o adversário quando contra-ataca. O terceiro gol, por exemplo, foi belíssimo. Num contra-ataque em alta velocidade, desde o campo de defesa, três jogadores triangularam, culminando o lance com um passe preciso de Giroud para Valbuena. Um gol antológico pela construção, e não pelo chute final. E uma lição de objetividade, para os jogadores que insistem em prender a bola e fazer tudo sozinho (leia-se Neymar).

Após o jogo, fiquei pensando no que disse um amigo meu, depois do primeiro jogo da França, contra Honduras: um futebol "mequetrefe". Mequetrefe é o nosso! E ainda mais que o principal sentido desta palavra é "patife". Não pense o Brasil que, só porque organizou a Copa, já a conquistou. Caso não se prepare para enfrentar Holanda, Alemanha, França, Argentina, Itália, Uruguai, Bélgica, Chile, Colômbia e Costa Rica (também, claro, depois de tudo!), vai passar à história somente como país sede. Merecidamente, pelo que vem jogando.

DIÁRIO DA COPA, 11: PURO-SANGUE!

Bryan Ruiz, autor do gol (IG).
A Costa Rica era o azarão do chamado Grupo da Morte, que reuniu Itália, Uruguai e Inglaterra, mas, em dois jogos somente, eles conseguiram três feitos: ganharam do Uruguai (3x1), bateram hoje a Itália (1x0) e, de quebra, mandaram a Inglaterra embora. Esta é a Costa Rica puro-sangue, de Campbell, Bolaños e Bryan Ruiz! Boa marcação, vontade, toque de bola e três ou quatro jogadores acima do comum, o que deixa qualquer país relativamente forte nesta Copa. Se confirmar a primeira posição do grupo, o que é algo razoavelmente fácil de conseguir, depois do que já fez, e ainda mais jogando contra uma Inglaterra eliminada, a Costa Rica deve medir forças com Costa do Marfim. Costa contra Costa. E, se não rebolar, avançará mais uma etapa. Quanto à Itália, foi morna e inoperante, nem parecia o mesmo time que ganhou da Inglaterra. Uma atuação desastrosa, que deixa seus torcedores temerosos, já que o próximo adversário é o Uruguai, redivivo!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 10: A CELESTE VIVE!

Suárez 2x1 Inglaterra (IG).
Mais cedo,  em Brasília, a Colômbia chegou aos seis pontos: 2x1 na Costa do Marfim. E ainda hoje, se houver empate ou vitória da Grécia contra o Japão, estará classificada para a próxima fase. Num grupo aparentemente fraco, mas não mais fraco que o do Brasil, a Colômbia parece sobrar e, firme, talvez caminhe para o seu melhor mundial, muito embora entre em campo contra Costa Rica, Uruguai ou Itália na próxima fase, e os dois últimos, além de indigestos, possuem um histórico de grandes conquistas, o que sempre pesa. Com dois ou três jogadores acima da média (James, Cuadrado), uma defesa firme e muita velocidade, tanto atacando quanto contra-atacando, a Colômbia não deve ter dificuldades para ser a primeira do grupo.
 
Horas depois, em São Paulo, o Uruguai não desperdiçou a chance de vencer e, talvez, mandar para casa, precocemente, os criadores do futebol. A vitória contra a Inglaterra foi heroica, e o mérito, do coletivo, mesmo que Suárez tenha feito os dois gols, ambos muito bonitos. Um 2x1 justo e arrancado com muita garra e técnica também, exemplificada pelos gols. Ah, se o Brasil jogasse assim, com 50% dessa vontade que empurrou os uruguaios sobre os ingleses e refez uma trilha de esperança para a Celeste. A verdade é que o Uruguai com Suárez é um e, sem ele, outro completamente diferente, e por isso foi surpreendido pela Costa Rica na estreia.

Em Natal, com um jogador a mais, o Japão bem que tentou ganhar a partida, mas demonstrou que não tem vocação para o gol e que precisa se aperfeiçoar, se quiser balançar as redes na última rodada. Foi um zero a zero empolgante, mas ainda assim um zero a zero, placar que deveria ser proibido por decreto. A outra vaga do grupo está aberta, com ligeira vantagem para a Costa do Marfim, que se classifica até com um empate, se o Japão não ganhar da Colômbia. Mas é quase certo que Japão e Grécia deram adeus à Copa.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 9: ATÉ 2018, ESPANHA!

Copa da caça, Copa do caçador (IG).
Em Porto Alegre, ao extraordinário gol de Robben para a Holanda, que correu meio campo até bater cruzado, seguiu-se um mais incrível ainda, maravilhoso mesmo, de Cahill, para a Austrália, apanhando de primeira, no ar, um lançamento alto da direita. (Talvez este seja o gol mais bonito de toda a Copa.) Vinda de uma goleada sobre a Espanha, a Holanda parecia não supor que a Austrália, também derrotada na estreia, pudesse lhe fazer frente. Pois se enganou. O jogo foi emocionante, e uma ou outra seleção poderia vencer, e venceu a Holanda, depois de tomar a virada e também virar: 3x2. 

Logo depois, no Maracanã, foi a vez do Chile fazer a sua parte, concluindo o que a Holanda dias atrás começou: 2x0 na Espanha, que volta para casa humilhada e já pensando o que fazer para se renovar. Ora, a Espanha voltou a ser o que sempre foi: uma seleção comum, de segundo ou terceiro escalão, a chamada Fúria. O que aconteceu em 2010 foi acaso. Se um país deveria se sagrar campeão naquela Copa era a Holanda. Mas o destino quis que vencesse a Espanha, para, agora, ver cair definitivamente a sua falsa hegemonia europeia e, supostamente, mundial. Até 2018, Espanha!

Com a Vitória da Croácia sobre Camarões por 4x0, em Manaus, o caminho do Brasil ficou menos árduo. Chega contra Camarões sem a necessidade de vencer e não deve enfrentar dificuldades, já que o adversário não aspira a mais nada. Que sorte, Felipão! Mas, no jogo seguinte, contra Chile ou Holanda...

terça-feira, 17 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 8: O INTERCÂMBIO

1x1, com frango (IG).
No último jogo da primeira rodada, em Cuiabá, Rússia e Coreia do Sul honraram com folga de entusiasmo a sua presença na Copa do Mundo. Lutaram do primeiro ao último minuto pela vitória, se alternaram no ataque, mostraram que possuem bons jogadores e, sobretudo a Coreia, que sabem chutar de fora da área.
 
A CBF já contratou alguns dos jogadores dos dois países para, ao longo da semana, ensinar os brasileiros a chutar de longe... Em troca, Neymar e Daniel Alves vão ensinar coreanos e russos a cuidar do cabelo. Excelente intercâmbio, este.
 
O 1x1 acabou sendo justo, especialmente porque reparou o frango do goleiro russo, que, se não vai dormir em paz esta noite, não será porque seu time saiu derrotado. 

DIÁRIO DA COPA, 7: NEYMARASMO

Neymar, o factótum (IG).
Este é o Brasil! Com o seu NEYMARASMO. Zero a zero mais do que justo, para um time que entra em campo e joga da mesma maneira do início ao fim. Se mais cedo a Bélgica ganhou da Argélia, foi por mérito do seu técnico, que, ao substituir três jogadores, o fez com o propósito de mudar o esquema de jogo e, assim, impor uma postura nova, diante da retranca do adversário. Mas Filipão troca o seis pelo meia-dúzia e não altera nada. Se o time não consegue chegar à área adversária, a solução é chutar de fora, e para isso era fundamental a presença de Hernanes. E não tirar Oscar: substituir um dos cabeças de área ou até os dois seria a solução mais correta, se de fato se quisesse a vitória. Terminado o jogo, a imprensa, sempre ufanista, e por vontade de justificar a inoperância da seleção, dependente de um jogador que é uma espécie de factótum, começa a dizer que o melhor em campo foi o goleiro do México. Piada. O melhor em campo foi a incompetência do Brasil.

DIÁRIO DA COPA, 6: VENCEU SIMENON

Era, por assim dizer, um embate literário. De um lado a Argélia do solitário Albert Camus (1913-1960), Prêmio Nobel de Literatura, autor de clássicos modernos como O estrangeiro e A peste, e do outro a Bélgica do controverso Georges Simenon (1903-1989), o mais prolífero escritor do século XX, com mais de duzentos romances publicados e criador do comissário Jules Maigret, tão célebre quanto Sherlock Holmes e Hercule Poirot. O jogo deixou a desejar, se continuarmos com o paralelo da literatura com o futebol, e melhor seria abrir um dos livros de ambos os autores e esquecer o jogo. A Argélia, por demais defensiva, só teve uma chance, num pênalti, e a converteu; e a Bélgica, depois de um primeiro tempo apático, usou sua técnica e melhor condição física para virar o jogo: 2x1. Venceu, portanto, como na comparação inexata entre os dois autores, a objetividade, afinal de contas, enquanto Camus encantou a todos durante as décadas de 1940 e 1950, com seus romances breves e contundentes, e hoje parece perder força junto aos leitores contemporâneos, mais adeptos da ficção ligeira e despretensiosa, Simenon, por sua vez, que fora muito combatido por dedicar-se à pulp fiction, atualmente segue em alta, com a reedição de inúmeras de suas obras em vários idiomas e edições diversas: das "obras completas" ao pocket book.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 5: CR7 PIPOCOU

Foto: Müller, três gols (IG).
Salvador vai se especializando em promover goleadas inesperadas... Depois da chinelada da Holanda sobre a Espanha, foi a vez de a Alemanha colocar Portugal no seu devido lugar. Se a seleção portuguesa com onze jogadores já não é nada assim amedrontadora, imagine-a com dez e um Cristiano Ronaldo completamente apático. Com 2x0 no placar e um jogador a mais, a Alemanha só não passeou porque não quis ou, simplesmente, porque é civilizada demais: compreendeu a situação do adversário, pelo qual nutre grande respeito, e diminuiu o ritmo. A verdade é que a diferença em campo era tanta, que pode-se dizer que era como se o poderoso Bayern de Munique estivesse jogando contra o Gil Vicente, com todo o respeito ao Gil Vicente... Portugal sumiu em campo, a Alemanha fez 4x0, e Cristiano Ronaldo, mal saiu do estádio, foi para o salão retocar o cabelo, reparar as sobrancelhas e refazer a maquiagem. Pois é, não se ganha jogo com estética corporal e banho de cosméticos. CR7 pipocou.

Em Curitiba, Irã e Nigéria fizeram, até aqui, o pior jogo da Copa. Um zero a zero terrível, digno de futebol amador. Os dois times mal chutavam a gol e, quando o faziam, era torto. À Nigéria sobrou correria; ao Irã, toque de bola sem objetividade. Vão encarar agora a Argentina, em "treinos de luxo" para entrosar melhor Messi e seus companheiros, e a Bósnia, que, assim, deverá passar à próxima fase em sua primeira Copa. 

Natal viu os Estados Unidos, com um time limitadíssimo, bater por 2x1 o onze ganês, que, não muito diferente do adversário, possui muita vontade, mas bem poucos recursos técnicos, com o agravo de parecer uma seleção ultrapassada, com os mesmos jogadores dos dois últimos mundiais: Gyan, Muntari, Boateng e outros. É hora de renovar! Apesar de tudo, os dois primeiros gols foram bonitos, e ambos os países não se contentaram com o empate.

Por fim, é triste ouvir o narrador Cléber Machado, da Globo, repetir durante mais de noventa minutos: o time de Gana, o jogador de Gana, o lateral de Gana... O cara não consegue, copa após copa, abrir o dicionário e consultar, para aprender de uma vez por todas, o adjetivo gentílico que designa este país ou seu povo. E Gana tem até dois: ganês e ganense. Portanto, o jogador ganês, a equipe ganense, a vitória ganesa, os gols ganeses, as torcedoras ganesas, o técnico ganense. Não esquece para 2018, Cléber!

domingo, 15 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 4: BENZEMA E MESSI

Foto: Benzema (IG).
Os três jogos do dia tinham como atração maior a Argentina de Messi. Suíça versus Equador e França versus Honduras não levantavam dúvidas: os europeus iam prevalecer. Sempre pensamos assim, tanto os jornalistas petulantes quanto os ingênuos, bem como boa parte dos torcedores, embora estes tendam a torcer para os times aparentemente mais fracos. Mas havia um precedente: a Costa Rica ontem havia despachado o Uruguai, e com certa autoridade. Então, a orientação era que Suíça e França pusessem as barbas de molho. E também a Argentina. Por que não? Afinal de contas a Bósnia & Herzegovina constituía a antiga Iugoslávia! 
 
Mal começou Suíça versus Equador, compreendemos que o jogo seria muito disputado do início ao fim. Um país frio como a Suíça foi empurrado para Brasília, e às treze horas, sol a pino, capaz de derreter chumbo. Ou a FIFA despreza o contexto clima, ou talvez o ressalte para tirar das seleções seu último cadinho de possibilidade, ou é sadismo mesmo. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, a Suíça não se intimidou. Nem mesmo quando levou o gol. E, no segundo tempo, fez prevalecer sua força física. Sem desistir da partida em nenhum momento, foi encurralando o Equador, até empatar, para depois virar, já nos acréscimos: 2x1. O curioso é que segundos antes o Equador esteve por matar o jogo e não o fez, talvez por causa do preciosismo de seus jogadores. Um prêmio para o time mais ousado em campo e ciente de que poderia vencer. 
 
Em Porto Alegre, a França, um dos grandes menos badalados desta Copa, ao lado da Bélgica, fez a sua estreia e não decepcionou. Não vimos Honduras jogar. Foi a França que passeou e só. Ao final, o placar de 3x0 foi estreito, ainda mais que Honduras jogou todo o segundo tempo com dez jogadores. A novidade ficou por conta da tecnologia artilheira, que estabeleceu uma nova época, talvez de menos dúvidas, ao demarcar eletronicamente a linha de jogo, decretando o segundo gol, ao passo que a FIFA, com seu cartesianismo, mais uma vez "roubou" o gol de um jogador, Benzema, optando por transformá-lo em gol contra. O atacante promove mais de 95% do lance, mas, ao fim, porque o goleiro tocou na bola e a desviou para as redes, ele se torna o grande protagonista.  A verdade é que, sem a FIFA, Benzema seria temporariamente o artilheiro da Copa. 
 
E quanto à Argentina, no Maracanã... Bem, foi um primeiro tempo meio decepcionante, fraco mesmo, com a palidez de um golzinho contra e uma Bósnia & Herzegovina mais aguda, que, caso se arriscasse um pouco mais, talvez tivesse uma melhor sorte, pois toca bem a bola e tem jogadores habilidosos, alguns com certo renome internacional. Messi não fez muita coisa, mas, com a estrela de sempre, bateu a falta que originou o gol contra. Já no segundo tempo,  fez um belo gol, à sua maneira bem peculiar e discreta: o cara não pinta ou corta exoticamente o cabelo, não faz tatuagens, não se exibe gratuitamente, não olha para si mesmo no telão, nem toma a bola para si! Nem o fortuito gol da Bósnia foi capaz de ameaçar a atuação segura da Argentina: o tempero final de uma reação adversária não veio, o que parece revelar que Messi e seus companheiros são frios, mais do que se imaginava.

sábado, 14 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 3: NO RITMO DE PIRLO

Foto: IG.
O terceiro dia da Copa começou em Belo Horizonte, com a vitória tranquila da Colômbia sobre a Grécia: 3x0. Muito embora a Colômbia seja um time talentoso, será sempre uma incógnita em Copas do Mundo, desde que Pelé, anos atrás, a cravou como campeã antecipada, depois de alguns feitos inusitados, como uma goleada sobre a Argentina em solo inimigo. Dali por diante a Colômbia não ganhou mais nada e viu uma geração de craques se encolher e apagar. Portanto, ainda que tenha vencido com certa facilidade e controlado o ímpeto da Grécia, a Colômbia antes de mais nada terá que superar seus traumas, o que não parece uma missão das mais árduas, se pensarmos que os adversários seguintes são Costa do Marfim e Japão. 

Do Ceará, veio, horas depois, a primeira "zebra" da Copa: Costa Rica 3x1 no Uruguai. Um mês antes da Copa comentei com um amigo que tanto Uruguai quanto Espanha eram times envelhecidos e marcáveis. O primeiro continua sem um meio de campo técnico e, agora, mais do que nunca dependente de um jogador que já não é mais o mesmo: Forlán. O segundo, a Espanha, viu seu jogo que há quatro anos era uma novidade ser desmontado pelos adversários e, a meu ver, não deverá, depois dessa derrota para a Holanda, esboçar uma reação muito consistente, a não ser que o Chile se acovarde. Portanto, a vitória da Costa Rica não chegou a ser uma surpresa, e quem viu o jogo desde o início sabia que estava por presenciar uma derrota do Uruguai, que jogava como um time sem inspiração, aferrado apenas aos nomes dos seus jogadores. Bastou a Costa Rica se dar mais confiança e colocar a bola no chão, para mostrar que é, com larga folga, o país da CONCACAF em que o futebol mais evoluiu. Em mundiais anteriores, a Costa Rica já havia demonstrado certo avanço, embora continuasse incapaz de se agigantar diante de adversários mais tradicionais. O que se espera agora é que ela não se superestime. Se isso não acontecer, fatalmente a Costa Rica estará na próxima fase, provavelmente ao lado da Itália, e, com alguma sorte, talvez até em primeiro lugar do grupo. Sempre cabe sonhar. 

No calor de Manaus, o jogo da Itália contra a Inglaterra tinha tudo para ser um espetáculo, e foi. Como se não bastasse a rivalidade entre os dois países, com cinco títulos nas costas, havia o fato de que a Costa Rica saíra vencedora do jogo anterior, e ambas as seleções, perdendo ou ganhando, tinham recebido o bônus de uma batalha a mais, pois o Davi do grupo ganhara corpo, ao bater a Celeste. Entraram então em campo com a missão de ganhar a qualquer custo para limpar a trilha futura de seus supostos percalços. Se era um jogo do "grupo da morte", tornou-se, de uma hora para outra, um jogo fatal. Mais organizada e técnica, na cadência de Pirlo, que ditava o ritmo e o toque de bola, sem pensar em ser o protagonista de nada (Ah, os Neymares deste Mundial!), a Itália tomou as rédeas do jogo, abriu o placar, levou o empate e, na volta do intervalo, assumiu de vez a vitória. E daí por diante se predispôs a marcar e se defender com eficiência. Sobra fleuma à Itália, que age e reage quase estoicamente, ao longo do jogo, como se não pudesse ser de outra forma. Nas vitórias, veremos isso como um mérito indiscutível, caso de ontem, mas, nas derrotas, haveremos de dizer que a Itália foi pachorrenta demais e por isso fracassou. Em suma, um ótimo jogo em Manaus, com três belos gols, disputado com lealdade, sem exageros, nem faltas duras, e gentilezas de lado a lado. Mais civilizado, impossível. Agora, a Inglaterra segue para o que talvez seja a sua última batalha, contra o Uruguai. E a Itália, que não veio ao Brasil à toa, mede forças com a Costa Rica. Creio que dois campeões voltam mais cedo para casa.

No jogo que fechou a noite, no Recife, o inesperado prevaleceu. Ninguém esperava que, àquela altura do primeiro tempo, o Japão fizesse um gol. Pois fez. E ninguém esperava que, àquela altura do segundo tempo, a Costa do Marfim empatasse. Pois empatou e virou. Num grupo encabeçado pela Colômbia e que ainda tem uma Grécia que é só força física e vontade, muitas vezes o suficiente para se chegar às vitórias, tudo pode acontecer.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 2: HOLANDA FRENÉTICA!

Foto: Van Persie (IG).
Em Natal, com dois times tão limitados, a chuva não parava, e o trio de arbitragem, provavelmente orientado pela FIFA (que fecha tudo e a tudo diminui), tentava a todo custo evitar que houvesse gol: três foram anulados, dois dos quais sem nenhuma razão. E assim passou, em meio ao fastio de torcedores e espectadores, o primeiro tempo de México versus Camarões. Um jogo de baixa qualidade, pior que o pior dos "clássicos" brasileiros da terceira divisão. No segundo tempo (e confesso que dormi um bocado), para a alegria de muitos e alívio do juiz, o acaso se encarregou de resolver o jogo, com um passe espírita para o Peralta: 1x0 México. Um jogo duro de se assistir, tão pífio quanto o de ontem.

Mas em Salvador os deuses do futebol, que não são poucos, nos reservaram uma surpresa. A um só tempo mais madura e rejuvenescida, a Holanda, com a rapidez de seus contra-ataques e o talento de seus melhores jogadores, triturou o desgastado relógio espanhol, com uma humilhante goleada de 5x1. E por pouco não era 7 ou 8. Sem dúvida que o solo brasileiro não traz eflúvios benéficos para a Espanha. Em seus três mais importantes jogos por aqui, tomou 14 gols e fez apenas 2: 1x6 (1950), 0x3 (2013) para o Brasil e agora o que vimos hoje. Sobre a Holanda, só temo que, como a Dinamarca de 1986 ou a Romênia de 1994, a Laranja se empolgue demais e fique pelo caminho. Espero que não, pois sempre admirei o futebol holandês e torço para que eles cheguem bem longe, inclusive ao título, depois de três vice-campeonatos... De resto, só ao longo do jogo compreendi por que a Espanha foi obrigada a jogar de branco, cor que ela temia, por lembrar a todos a goleada para o Brasil em 1950: o trio de arbitragem ia "jogar" de laranja. Ou seja: a FIFA considera os juízes mais importantes que os 22 jogadores em campo e, assim, obriga que a Holanda insolitamente jogue de azul, e a Fúria, de branco. Arre, FIFA!

Com a vitória do Chile sobre a Austrália por 3x1, num joguinho até mesmo surpreendente, muito mais pela valentia dos derrotados que pela categoria dos vencedores, a Espanha não pode mais perder pontos. Se empatar com o Chile na próxima rodada, corre o risco de ver sua classificação escapar com um simples empate de compadres entre Chile e Holanda na rodada final, supondo-se que esta vai naturalmente despachar a Austrália. Seria um triste fim de Copa para os badalados campeões mundiais de 2010, torneio que, por sinal, eles ganharam mais pela falta de adversários à altura que por seus próprios méritos. A verdade é que, por estes primeiros jogos, o nível técnico parece um pouco melhor que há quatro anos, e a tendência é que grandes jogos aconteçam. Um Brasil versus Espanha na próxima fase seria bem interessante, mas, pelo que se viu hoje, os espanhóis já estão pensando em 2018. E o Brasil deverá enfrentar o Chile.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 1: BRASIL DE OSCAR

Foto: IG.
O Brasil entrou em campo subestimando a Croácia. Imaginava talvez que o país que integrou a antiga Iugoslávia, célebre por seu toque de bola, ia se contentar em ser coadjuvante de uma vitória certa e antecipada pela mídia brasileira, cega e ufanista. O que se viu foi o que o campo, muito pequeno, para favorecer o equilíbrio da balança, permite: equipes equiparadas e jogando o comum. O Brasil, refém da vaidade de Neymar, que só raramente passa a bola para seus companheiros, e a Croácia com uma marcação relativamente eficiente e um contra-ataque rápido. Como espetáculo de técnica e tática, foi um jogo pífio; como lição, foi válido. O Brasil deve agora repensar suas decisões: 1) não há motivo para Fred continuar em campo, se o meio de campo brasileiro não consegue lhe passar nenhuma bola à feição para o arremate a gol; melhor seria jogar sem centroavante, apenas com jogadores rápidos, que atacassem em bloco, ocupando os espaços com constante troca de posições; 2) Neymar deveria se inspirar em Zico e Pelé, que só eram protagonistas quando tinham que ser, no preciso e precioso momento, sem forçar a circunstância; futebol não é tênis, são onze em campo, só a bola é uma. Felizmente, o goleiro croata colaborou, e talvez nos três gols, bem como o juiz, que, em dúvida quanto ao pênalti, preferiu favorecer a equipe da casa. O placar de 3x1 acabou por premiar  o time que, sem medo, não desistiu em nenhum momento de buscar a vitória, e ao jogador que foi o melhor em campo: Oscar.

terça-feira, 3 de junho de 2014

ESCRITORES EM DIÁLOGO

Fui convidado, com mais três escritores (Dênisson Padilha Filho, Lima Trindade e Roberval Pereyr), para um evento literário no Campus XIII da Universidade Estadual da Bahia, em Itaberaba. Além do debate sobre alguns tópicos específicos da literatura, faremos leitura de nossos textos e responderemos a perguntas da plateia. Você aí de Itaberaba, mesmo que não seja aluno nem professor, compareça. Não é sempre que os escritores visitam a cidade, e esta é uma oportunidade tanto de prazer quanto de proveito, funções inerentes ao texto literário.

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