O andarilho, de George Grosz. |
Despertar com ambos alguma consciência. |
TERROR
Esta é a lei
Que me deram,
Lei de cão.
Dente por
Dente,
Sinal de Talião.
Me botaram na praça
Nu
E pássaros
Vinham bicar-me
O ventre.
E arrancaram-me as unhas
E os segredos
E vieram outros pássaros
Rapaces
E me roeram os dedos.
Hoje o ódio é o melhor
Que me consentem.
Vou explodir um mapa
Cheio de gente.
MYRIAM FRAGA (1937). Poetisa brasileira, nascida em Salvador, BA. Lírica, diversa e sempre atenta às possibilidades poéticas, transita por experimentações constantes, como confirma o poema acima, de assunto indigesto, mas de uma atualidade extrema: o terror sempre tem uma causa, é a consequência, a reação a um ato, um procedimento. Poema inserido em As purificações (Civilização Brasileira, 1981).
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