"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 14 de setembro de 2014

POETA-POEMA, 16: RUY ESPINHEIRA

Homem velho, de Van Gogh.
| Expor um poeta, defini-lo com um só poema.
Despertar com ambos alguma consciência. |

RETRATO

Eu te vejo neste retrato
como te via aos dezessete anos.
Tinhas trinta e nove, luminosamente.
Como passaste, pai! Como passamos!

Há tanto tempo já que tu partiste.
Todo um mundo se foi e vai, e vai...
Olho o teu rosto na moldura e penso
que tenho hoje idade de ser teu pai.

RUY ESPINHEIRA FILHO (1942). Poeta e prosador brasileiro. Lírico da transitoriedade e da nostalgia, estreou em 1974, com o volume Heléboro. Desde então foram mais de quinze livros de poesia. Sua obra constitui uma das mais importantes do lirismo brasileiro atual. Retrato integra o conjunto de Elegia de agosto e outros poemas (Bertrand, 2005).