"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

sábado, 20 de setembro de 2014

POETA-POEMA, 22: Adelmo OLIVEIRA

Paisagem de Sabará (1950), de Alberto Guignard.
| Expor um poeta, defini-lo com um só poema.
Despertar com ambos alguma consciência. |

POEMA ANTIGO

Esta lua o meu quarto invade
Branca, molhada de sereno
Entra na memória um caminho
Que termina onde fui pequeno.

Vaga, de luz opala verde
Entra devagar pela rua
Do menino de calça curta 
Que idade eternamente nua. 

A vida, a vida passa mesmo
Nem sei quando isso aconteceu
Só sei que a lua vem bonita
Dizer que a infância já morreu.

ADELMO OLIVEIRA (1934). Poeta brasileiro, nascido em Itabuna, BA. Lírico, de tom nostálgico e sereno, não esconde certo desencanto com a vida, ao modo de Manuel Bandeira. Estreou em livro em 1960, com Hora indefinida. O poema acima consta de Canto mínimo e Poemas da vertigem (Escrituras, 2010).

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