"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

POETA-POEMA, 13: IDEA VILARIÑO

À deriva, do pintor norte-americano Eric Zener.
| Expor um poeta, defini-lo com um só poema.
Despertar com ambos alguma consciência. |

UMA VEZ

Sou meu pai e minha mãe
sou meus filhos
e sou o mundo
sou a vida
e não sou nada
ninguém
um fragmento animado
uma visita
que não esteve
e não estará depois.
Estou estando agora
quase não sei mais nada
como uma vez estavam
outras coisas que foram
como um ciclo distante
um mês
uma semana
um dia de verão
que outros dias do mundo
dissiparam.

IDEA VILARIÑO (1920-2009). Poetisa uruguaia e uma das mais criativas e cativantes vozes líricas das Américas. Deve-se ao escritor gaúcho Sérgio Faraco o conhecimento, em tradução, desta poetisa no Brasil, com o volume Noturnos e outros poemas (Unisinos, 1996), que ele organizou e traduziu.

Um comentário:

Lidi disse...

Mayrant, lembra que comentei com você que escrevi um poema, recentemente, inspirado nos versos de Idea Vilariño? Pois, foi exatamente esse poema, "Uma vez", o que me fez voltar a escrever, depois de alguns meses sem me arriscar com as palavras. Amo a poesia de Idea Vilariño. Um abraço.