"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

terça-feira, 23 de setembro de 2014

POETA-POEMA, 25: JORGE COOPER

O tempo, segundo Salvador Dali.
| Expor um poeta, defini-lo com um só poema.
Despertar com ambos alguma consciência. |

NOITE NOVA

Seis e meia
Os ponteiros do relógio
cruzaram os braços do tempo
Um pássaro canta o seu canto sem letra
e o coqueiro que há lá fora
me faz ver nítido
o vento
Deita-se o sol
um lugar à noite fazendo
― Mas a realidade me partiu em dois
e sei já não estar em palavras
a poesia deste momento

Então
dou num balanço na vida
Ponho-me a falar para dentro

JORGE COOPER (1911-1991). Poeta brasileiro, nascido em Maceió, AL. Lírico de tom baixo, estoico e ciente da impotência humana, só começou a escrever depois dos trinta anos. Morreu quase desconhecido, cultuado, porém, por um pequeno grupo de admiradores. O melhor de sua poesia está na antologia Noite nova: vigília (1991).

Nenhum comentário: