"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

POETA-POEMA, 10: PALADAS

Gravura de George Grosz.
| Expor um poeta, defini-lo com um só poema.
Despertar com ambos alguma consciência. |

[X: 45]

Se lembrares, homem, como foste por teu pai gerado,
     esquecerás as ideias de grandeza.
Platão, o sonhador, encheu tua cabeça de empáfia
     ao te chamar de imortal, planta celeste.
De barro és feito; por que a presunção? Só fala assim
     quem se compraz em fingimentos vistosos.
Mas, se buscas a verdade, recorda que vieste de um
     ato de luxúria e de uma gota suja.

PALADAS DE ALEXANDRIA. (316-fins do séc. IV d. C.) Poeta grego, traduzido aqui por outro grande poeta, José Paulo Paes (1926-1998). Este epigrama, um dos mais implacáveis do poeta e que bem expressa sua visão de mundo, ao mesmo tempo grega e universal, encontra-se no volume Epigramas (Nova Alexandria, 1993).

Nenhum comentário: