"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

POETA-POEMA, 14: JOSÉ INÁCIO

Melancolia, de Edvard Munch.
| Expor um poeta, defini-lo com um só poema.
Despertar com ambos alguma consciência. |

UNIDADE

[para Manoel de Almeida Cruz]

Sinto saudades de lugares onde nunca estive
e uma voz me guia por estes mundos do não sei onde.
Passo por estrelas e me perpassam seres que desconheço.
Viajo por todo o Cosmo em busca de uma resposta
e o que encontro em todas as partes do pensamento,
em todas as partes que estão além das partes todas,
não revela mais do que trago dentro de mim:
corpo, célula, átomo ― alma, espírito, intelecto.
Tudo está em mim e é intransponível. Não há signo,
não há deus que me comunique por inteiro.

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO (1968). Poeta brasileiro, nascido em Dois Riachos, AL. Com vários livros publicados, segue incansável em sua dicotomia poética, contrapondo cidade e campo. O poema acima foi extraído de A infância do centauro (Escrituras, 2007).

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