"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

terça-feira, 17 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 6: VENCEU SIMENON

Era, por assim dizer, um embate literário. De um lado a Argélia do solitário Albert Camus (1913-1960), Prêmio Nobel de Literatura, autor de clássicos modernos como O estrangeiro e A peste, e do outro a Bélgica do controverso Georges Simenon (1903-1989), o mais prolífero escritor do século XX, com mais de duzentos romances publicados e criador do comissário Jules Maigret, tão célebre quanto Sherlock Holmes e Hercule Poirot. O jogo deixou a desejar, se continuarmos com o paralelo da literatura com o futebol, e melhor seria abrir um dos livros de ambos os autores e esquecer o jogo. A Argélia, por demais defensiva, só teve uma chance, num pênalti, e a converteu; e a Bélgica, depois de um primeiro tempo apático, usou sua técnica e melhor condição física para virar o jogo: 2x1. Venceu, portanto, como na comparação inexata entre os dois autores, a objetividade, afinal de contas, enquanto Camus encantou a todos durante as décadas de 1940 e 1950, com seus romances breves e contundentes, e hoje parece perder força junto aos leitores contemporâneos, mais adeptos da ficção ligeira e despretensiosa, Simenon, por sua vez, que fora muito combatido por dedicar-se à pulp fiction, atualmente segue em alta, com a reedição de inúmeras de suas obras em vários idiomas e edições diversas: das "obras completas" ao pocket book.

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