"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

OUTRA PESSOA POR UNS DIAS

Uma de minhas leitoras me escreveu expressando seu desejo, bem humano, de “experimentar a vida de outras pessoas por uns dias”. O desejo de ser outro é antigo e recorrente e inspirou muitos romances, contos e filmes. Um dos melhores é Se eu fosse você, do francês Julian Green. Neste romance, o protagonista, por interferência de um criado do demônio, recebe o poder de, mediante uma frase mágica, se transformar em qualquer pessoa que esteja à sua volta. Pouco a pouco ele vai operando as transformações ou transmutações, que, no entanto, não conseguem satisfazê-lo, nunca. Torna-se um homem rico, depois um homem muito forte, outro muito bonito e sedutor, até que enfim... Bem, leiam o livro, conscientes de que tal desejo não é nada de mais e que não devemos nos envergonhar de senti-lo, esporadicamente. Não há vida que nos contente, nem acalme a ânsia de experiência humana. Pensemos como Amélie Nothomb: “Qual é o inconveniente de se viver a vida de um desconhecido?” Nenhum. Tom Ripley o provou.
DVD: Plein soleil, filme de René Clément, baseado em O telentoso Ripley, de Patricia Highsmith.

3 comentários:

Silvestre Gavinha disse...

Mayrant.... adorei esse. Não conheço o livro, já vou procurá-lo. Mas conheço a história.... todos nós, que amomos ler sabemos exatamente isso.
Mas a construção que fizesses ficou muito legal e intrigante.
Legal é quando a gente se dá conta. Dai pode ser quem se quiser.
Um abraço
Marie

Vivz disse...

Por uns dias, ainda não encontrei um jeito, mas por algumas horas, a melhor maneira de ser outros é vendo TV, rs...

"Não há vida que nos contente, nem acalme a ânsia de experiência humana". Amei isso! Bjs.

Lidi disse...

"É claro que o homem quer ser mais do que apenas ele mesmo." (Ernst Fischer - A função da arte)