"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

INVISIBILIDADE

Uma das melhores histórias policiais que li foi O homem invisível, de G. K. Chesterton. No seu segundo nível de leitura, metafórico (se não filosófico), ele nos diz que o invisível é o que vemos todos os dias, aquilo com o qual já nos habituamos: nossa rua, as pessoas com as quais nos deparamos diariamente, a paisagem que se descortina de nossa janela, os parentes, os amigos, os conhecidos, o céu, o sol... De posse desse argumento inquestionável, o Padre Brown resolve um crime aparentemente insolúvel, que é o pretexto do relato, um dos mais duradouros, sem dúvida, do gênero policial.

2 comentários:

Silvestre Gavinha disse...

Engraçado que, se você fala de Homem Invisível, todos lembram da série de TV e do, para mim, horrível, ou na melhor das hipóteses, passável filme que fizeram mais recentemente.
Eu mesma, que também adoro este tipo de leitura, não li o livro.
Mas quanto a esse argumento filosófico, é impressionante a sua validade. Lembro de um filme sobre mexicanos nos Estados Unidos, que agora não recordo bem o nome, onde a protagonista, que entra clandestina e vai trabalhar em sub-serviços fala exatamente isso num diálogo com um colega. O filme é tocante. E lembro do que li, uns tempos atrás, sobre um professor da USP que no seu doutorado, escreve sobre isso. Ele se transveste de "gari" ou homem-de-limpeza e vai trabalhar na cidade universitária e chega mesmo a trabalhar exatamente no seu setor, passando por colegas de convívio bem habitual, sem ser reconhecido, usando como "disfarce" apenas a roupa amarela dos companheiros de limpeza. Ele chega a essa mesma conclusão. A miséria é invisível, poder-se-ia também dizer, neste caso e no do filme.
Gostei muito do post.

Anônimo disse...

Livro (e filme) na lista das obrigações literárias e cinematográficas de 2009. E por Deus, somos invisíveis até para Deus. Aquele abraço. T