"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 9 de junho de 2013

FOGO FÁTUO

Edição brasileira, 1984.
Em resposta à leitora Mariana, interessada em ler o livro de Pierre Drieu La Rochelle, Fogo fátuo: trinta anos esta noite, esclareço que esta obra foi publicada no Brasil pela editora Brasiliense, em 1984, no volume 24 da célebre coleção Circo de Letras, com o título acima, acrescido na folha de rosto da informação "seguido de Adeus a Gonzague". Portanto, fiel à edição francesa, de 1931 e renovada em 1959, das Éditions Gallimard, que reúne as duas obras, sob o título Le feu follet suivi de Adieu à Gonzague. Fogo fátuo pode ser lido como um libelo contra as drogas, tanto quanto uma reflexão sobre a existência: a liberdade de existir ou deixar de existir, a qualquer momento. Na excelente introdução à edição brasileira, assinada por Geraldo Galvão Ferraz, também tradutor da obra, este afirma que o protagonista Alain foi inspirado num amigo de La Rochelle, o talentoso escritor Jacques Rigaut, que se matou do mesmo modo que o personagem. O suicídio de Rigaut virou uma obsessão para La Rochelle, que, embora tenha escrito, no calor da notícia, o texto Adeus a Gonzague, só se livrou realmente do trauma ao conceber Fogo fátuo, no qual a morte voluntária é vista como "o único ato livre que resta para os viciados", pois é ação pura e consciente, liberta do embotamento fantasioso das drogas. No caso de La Rochelle, que também se matou, o suicídio teve outras implicações e outros motivos, e foi como se ele saldasse uma dívida, consigo e com sua época.

Um comentário:

Mariana disse...

Ainda não li porque a lista de livros pendentes está grande,mas este entrou na fila! e será o próximo que vou ler..! Obrigada pela dica!