Edição da L&PM, 2008. |
A
trégua,
de Mario Benedetti (São Paulo: Martins Fontes, 2000), constitui uma das mais tocantes
histórias de amor já escritas. Em forma de diário, que favorece o caráter
reflexivo da narrativa, centrada no cotidiano de um homem maduro e sem
esperança que se renova com o amor por uma moça bem mais jovem, lembra à
distância o nosso Dom Casmurro. O autor uruguaio fixa alguns luminosos
momentos de intimidade entre os amantes, e com uma leveza de estilo que os
eleva a um nível quase simbólico: "Às sete e meia saí do
escritório e fui para o apartamento. Ela tinha chegado antes, aberto a porta
com sua chave e se instalado. Quando cheguei, recebeu-me alegre e sem
inibições, de novo com um beijo. Falamos. Rimos. Fizemos amor. Tudo foi tão bom
que não vale a pena descrever. Estou rezando: 'Tomara que dure', e para pressionar
Deus vou bater na madeira". Um romance fadado a
permanecer monumental em seu idioma e no mundo. Depois desta, foram lançadas
outras edições, uma pela L&PM, em formato de bolso, e outra pela Alfaguara, mas a da Martins
Fontes, que se seguiu à da Brasiliense, é sem dúvida a melhor.
Também publicado na coluna Crítica Rasteira, da Verbo 21.
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