"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 2 de junho de 2013

LEITURAS, 26: A TRÉGUA

Edição da L&PM, 2008.
A trégua, de Mario Benedetti (São Paulo: Martins Fontes, 2000), constitui uma das mais tocantes histórias de amor já escritas. Em forma de diário, que favorece o caráter reflexivo da narrativa, centrada no cotidiano de um homem maduro e sem esperança que se renova com o amor por uma moça bem mais jovem, lembra à distância o nosso Dom Casmurro. O autor uruguaio fixa alguns luminosos momentos de intimidade entre os amantes, e com uma leveza de estilo que os eleva a um nível quase simbólico: "Às sete e meia saí do escritório e fui para o apartamento. Ela tinha chegado antes, aberto a porta com sua chave e se instalado. Quando cheguei, recebeu-me alegre e sem inibições, de novo com um beijo. Falamos. Rimos. Fizemos amor. Tudo foi tão bom que não vale a pena descrever. Estou rezando: 'Tomara que dure', e para pressionar Deus vou bater na madeira". Um romance fadado a permanecer monumental em seu idioma e no mundo. Depois desta, foram lançadas outras edições, uma pela L&PM, em formato de bolso, e outra pela Alfaguara, mas a da Martins Fontes, que se seguiu à da Brasiliense, é sem dúvida a melhor.

Também publicado na coluna Crítica Rasteira, da Verbo 21.

Nenhum comentário: