"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

sexta-feira, 21 de junho de 2013

CENTENÁRIO DE ALBERT CAMUS, 1

Edição da Record (RJ), sem data.
Os dois livros que tornaram o franco-argelino Albert Camus (1913-1960) famoso em todo o mundo foram os romances O estrangeiro (1942) e A peste (1947). Mas Camus era, em igual valor, romancista, contista, dramaturgo e ensaísta. Esteta incansável, capaz de cunhar uma prosa ao mesmo tempo exata e poética, polida e sedutora, rica de sons, imagens e odores, tornou-se um dos mais jovens escritores a ser agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1957, aos 44 anos, e um dos poucos autores ocidentais que, de fato, não se pode deixar de ler. Formou com Jean-Paul Sartre, Boris Vian, Roger Vailland, Simone du Bauvoir, Jean Genet, Françoise Sagan, Georges Simenon, Leo Malet, Alfred Jarry, Marcel Proust, André Gide, Guillaume Apollinaire, Jean Anouilh, Paul Éluard, Paul Claudel, Colette, Paul Valéry, André Malraux, Julien Green, Saint-John Perse, André Breton, René Char, Henri Barbusse, Georges Bataille, Roger Martin du Gard, François Mauriac, Raymond Queneau, Henri Michaux, Jean Giono, Georges Perec, Marcel Aymé, Georges Bernanos, Drieu La Rochelle, Francis Carco, Francis Ponge, Paul Nizan e outros a frente de escritores que fizeram da literatura de língua francesa uma das mais diversas e arrojadas do período que abrange os fins do século XIX e a primeira metade do século XX. Destacado de sua obra relativamente breve, com pouco mais de quinze livros, o volume de contos O exílio e o reino (1957) é, de certa forma, uma porta de entrada para os temas que Camus desenvolve com mais intensidade nos romances, nas peças e nos ensaios. Composto de seis relatos, em cada um deles o autor estabelece uma condenação coletiva (exílio) e uma superação pessoal (reino) para o sujeito enquanto ser individual preso a uma sociedade específica que se esforça por controlá-lo. Comparecem aos contos o artista que cria, o operário que faz greve, o professor que é obrigado a cooperar politicamente, o condenado que tem a chance de decidir por ele mesmo, a mulher que pode escolher amar à sua maneira, o patrão de mãos atadas que lamenta não poder agir etc. São seres individuais e também sociais. Qualquer escolha que façam reflete em si mesmos e no mundo que os rodeia. Mas é uma escolha, pessoal e decisiva, única forma de superar a condição absurda de viver.

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