Capa: do grande Eugênio Hirsch. |
"Apanharam o menino em flagrante, quando fazia algo nojento sob as arquibancadas do estádio do liceu. Por causa disso, foi expulso da escola primária, situada em frente, e mandado para casa. Tinha, naquela época, oito anos. Havia anos que fazia aquilo.
De certa maneira, era uma pena. Tratava-se de um garoto simpático e até mesmo bonito, embora sem nada de extraordinário. Algumas crianças e professores gostavam dele um pouquinho e havia os que não gostavam, também um pouquinho; mas, quando foi expulso, todos se viraram contra ele. Chamava-se Horty (ou melhor, Horton) Bluett. Naturalmente, quando chegasse em casa, iria sofrer."
STURGEON, Theodore. O homem sintético. Rio de Janeiro: Sabiá, 1971. Tradução de José Sanz. 192p.
ESTILO. Se por um lado, no primeiro parágrafo, o narrador oculta o que seja o "ato nojento", deixando-o germinar na cabeça do leitor, no segundo descreve, por meias-tintas, a criança que o perpetrou, além de sugerir que a punição ainda vai continuar, e pior. Tal técnica acaba por aguçar a curiosidade de leitor, que, depois destes dois parágrafos, não deixará de ir adiante, tanto atraído por presenciar a punição quanto esperançoso de que ela não ocorra.
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