"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

terça-feira, 23 de junho de 2015

INÍCIOS EXEMPLARES, 5: Domínguez


"Na primavera de 1998, Bluma Lennon comprou numa livraria do Soho um velho exemplar dos Poemas de Emily Dickinson, e ao chegar ao segundo poema, na primeira esquina, foi atropelada por um automóvel.
 
Os livros mudam o destino das pessoas. Uns leram O tigre da Malásia e se transformaram em professores de literatura em remotas universidades. Sidarta levou milhares de jovens aos hinduísmo, Hemingway transformou-os em esportistas, Dumas transtornou a vida de milhares de mulheres e não poucas foram salvas do suicídio por manuais de cozinha. Bluma foi sua vítima."
 
DOMÍNGUEZ, Carlos María. A casa de papel. São Paulo: Francis, 2006. Tradução de Maria Paula Gurgel Ribeiro. 104p.
 
ESTILO. No primeiro parágrafo a dúvida: não se sabe o que causou a morte da personagem, se a distração oriunda do ato de ler ou o impacto da leitura do poema. No segundo, a quebra do lugar-comum, segundo o qual os livros transformam as pessoas. Na verdade, os livros mudam a direção que as pessoas conferem às suas vidas e não raro o fim que se dão é trágico. Nos parágrafos seguintes, o narrador aprofunda essa ideia e surpreende o leitor a cada página.  

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