"Eu estava farto da vida ociosa e turbulenta de Paris, da multidão presunçosa, dos maus livros publicados com aprovação e privilégio do rei, das cabalas dos homens de letras, das baixezas e da vilania dos miseráveis que desonravam a literatura. Encontrei, em 1733, uma jovem senhora que pensava de modo semelhante ao meu, e que tomou a decisão de ir passar vários anos no campo, para lá cultivar seu espírito longe do tumulto mundano; era a sra. marquesa du Châtelet, a mulher que na França mais tinha disposição para todas as ciências."
VOLTAIRE. Memórias. São Paulo: Iluminuras, 1995. Tradução de Marcelo Coelho. 100p.
ESTILO. A aferição do mundo da cultura e das artes, por Voltaire, ganha valor universal. Substitua-se Paris por Salvador, São Paulo, Madri ou Los Ângeles, que a situação é a mesma, ainda hoje. E isso é só o início de sua ácida pintura das classes artísticas e monárquicas da Europa da época, repleta de artistas embusteiros e imperadores tirânicos. Voltaire é, igualmente, um dos primeiros a sinalizar para a libertação da mulher, do jugo masculino, através do conhecimento e da educação.
Um comentário:
Sobre as "classes artísticas" os "homens de letras" e outras coisas estranhas: em matéria de literatura o legal mesmo é literatura.
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