"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

terça-feira, 14 de maio de 2013

LEITURAS, 25: DORA BRUDER

Edição francesa, pela Folio, 1999.
Dora Bruder, de Patrick Modiano (Rio de Janeiro: Rocco, 1998), é sem sombra de dúvida uma pequena obra-prima. Mistura especulação ficcional com realidade histórica, para remontar os passos do desaparecimento de Dora Bruder, uma garota franco-judia de 16 anos que, em dezembro de 1941, foge de um colégio interno, administrado por católicos, e, depois de perambular pelas ruas de Paris, é presa e vai parar num campo de concentração nazista. O autor sugere que sua decisão talvez tenha sido motivada pelo entrecho do filme Premier rendez-vous, cujo assunto é exatamente a fuga de uma moça de sua idade, fato que não surpreende a ninguém, pois, naquelas circunstâncias, "Aos dezesseis anos, o mundo todo estava contra ela, sem que ela soubesse por quê". Um livro singular sobre um dos mais terríveis episódios da história da humanidade, o holocausto, e narrado com o estilo único de seu autor, um dos mais festejados e, ao mesmo tempo, subestimados autores franceses da atualidade.

Publicado originalmente na coluna Crítica Rasteira, da Verbo 21.

Um comentário:

Ianice disse...

Após ler essa apresentação, preciso achar esse livro para comprar. Você realmente nos incita (no bom sentido, claro!)quando faz esse tipo de crítica/apresentação e isso é constante em suas leituras, haja vista toda a sua produção literária. Interessante é nos mostrar através dos seus comentários o quão belo é o conteúdo a ser degustado. Obrigada!! Um abraço!!