"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 19 de abril de 2009

CURTA-METRAGEM

Hoje, consultando a esmo um livro de Cecília Meireles com o propósito de coletar um poema para uma oficina que pretendo ministrar, me deparei com esta pequena jóia, que não sei se me é desconhecida ou se esqueci.

DESENHO

Pescador tão entretido
numa pedra ao sol,
esperando o peixe ferido
pelo teu anzol,

há um fio do céu descido
sobre o teu coração:
de longe estás sendo ferido
por outra mão.


Deus, talvez. Traição amorosa ou fraterna. A morte. Não sei. Outra coisa ou força ou solidão ou desespero. Fica o que está e o que imaginamos. A música das palavras e, claro, a imagem, o desenho. O certo é que daria um belo curta-metragem, de cinco minutos − se muito. O pescador lá pescando − céu, mar, nuvens, vento, gaivotas − e, de repente, antes que ele pesque o peixe, uma mão gigantesca o pesca para o espaço.


Foto: Carlos Carvalho.

6 comentários:

Georgio Rios disse...

Mayrant, um poema raro, e a ideia do curta é exelente.Agora é só filmar.Cécilia é um poço de lirísmo.

gilson figueiredo disse...

ela comove...

aeronauta disse...

Meu Deus, que poema é esse? Como passei por ele um dia sem o ler?

Hitch disse...

Quem quer filmar? Não ousaria ser eu. Aquele abraço.

Lidi disse...

Daria um curta, sem dúvida. Um belo curta, assim como o poema. Adorei, Mayrant. Um abraço.

Emmanuel Mirdad disse...

Abduzido não, absorvido.