"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

LEITURAS 39: AS PERNAS DE ÚRSULA



Primeira edição: Agir, 2006.

Num restaurante, enquanto janta em companhia da esposa, do filho recém-nascido e de um casal de amigos, Eduardo entrevê as estonteantes pernas de uma desconhecida... É então que tem início a sua odisseia. Ao mesmo tempo que rememora sua vida com a esposa, Alice, como a conheceu e se casaram, ele peregrina em busca de reencontrar e possuir Úrsula, a proprietária daquelas maravilhosas pernas. Longe de ser uma repetitiva história de traição conjugal, ou um simples episódio de sedução, As pernas de Úrsula se insere na tradição dos relatos de conteúdo sensual ou erótico que os iluministas consideravam obras de autoconhecimento. Ao experimentar desejos irrefreáveis por outra mulher, e abdicando, de imediato, de qualquer sentimento que não o de apenas a possuir, estar entre aquelas pernas, o protagonista se conhece e se aceita, para ao fim chegar a uma conclusão a que as pessoas, em geral, viram as costas ou procuram relevar: de que, muitas vezes, ama-se não a pessoa, mas o amor, a chance ou a possibilidade de “fazer amor”. No restante dos casos, prevalece a idealização romântica. Que não passa de teatro do mundo.
 
Publicado originalmente na Verbo21.

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