Primeira edição: Agir, 2006. |
Num restaurante, enquanto janta em
companhia da esposa, do filho recém-nascido e de um casal de amigos, Eduardo
entrevê as estonteantes pernas de uma desconhecida... É então que tem início a
sua odisseia. Ao mesmo tempo que rememora sua vida com a esposa, Alice, como a
conheceu e se casaram, ele peregrina em busca de reencontrar e possuir Úrsula,
a proprietária daquelas maravilhosas pernas. Longe de ser uma repetitiva história
de traição conjugal, ou um simples episódio de sedução, As pernas de Úrsula se insere na tradição dos relatos de conteúdo sensual
ou erótico que os iluministas consideravam obras de autoconhecimento. Ao
experimentar desejos irrefreáveis por outra mulher, e abdicando, de imediato,
de qualquer sentimento que não o de apenas a possuir, estar entre aquelas
pernas, o protagonista se conhece e se aceita, para ao fim chegar a uma
conclusão a que as pessoas, em geral, viram as costas ou procuram relevar: de
que, muitas vezes, ama-se não a pessoa, mas o amor, a chance ou a possibilidade
de “fazer amor”. No restante dos casos, prevalece a idealização romântica. Que
não passa de teatro do mundo.
Publicado originalmente na Verbo21.
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