"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 14 de março de 2010

CORTÁZAR E A VELHA GRAVATA

"Maurice Blanchot demonstrou que o tempo-calendário pouco tem a ver com o tempo laboratório central: presumido seria o escritor que acreditasse haver deixado definitivamente para trás uma etapa de sua obra. Em qualquer página futura, pode estar a nossa espera uma nova página passada, como se ficasse algo por dizer do ciclo que acreditávamos anterior, ou como se, depois de tirarmos todas as gravatas velhas para agradar a nossa amada esposa no dia das bodas de prata, descobríssemos que pusemos, que horror!, a gravata de bolinhas presenteada por aquela noiva que depois não se casou conosco."

JULIO CORTÁZAR, em nota ao seu admirável volume de contos Final de jogo (Expressão e Cultura, 1974). O mercado editorial brasileiro é realmente falho e misterioso: este é, sem dúvida, um dos melhores e talvez o mais surpreendente livro de histórias curtas de Cortázar e, no entanto, um dos menos lidos e reeditados. A última edição brasileira data de mais de trinta anos! Estão ali alguns de seus contos mais emblemáticos, indiscutíveis obras-primas, como: A continuidade dos parques, A porta incomunicável, Uma flor amarela, Depois do almoço, Axolotes e Final de jogo. Vamos torcer para que algum editor brasileiro traga este livro de volta, para o deleite de leitores e escritores, cortazarianos ou não.

Um comentário:

silvia zappia disse...

es maravilloso encontrar un post sobre Julio Cortázar.
("la noche boca arriba" es, de este libro, mi cuento favorito)

abrazo*