"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quinta-feira, 4 de março de 2010

NENHUMA PARTICIPAÇÃO EM LIBERTADORES

Nenhuma participação em Libertadores, essa era a verdade. Para que time ele torcia? Para um time que no campeonato nacional não ia além da posição intermediária. Tudo bem que depois de subir para a primeira divisão jamais ficou ameaçado de rebaixamento. Não, não mesmo. Isso ele reconhecia. Entre vinte clubes, estava sempre pelo meio, entre a oitava e a décima-quarta posição. Raramente à frente e jamais atrás, na rabeira. Isso era um mérito, sem dúvida. Mas, por outro lado, já estava cheio dessa farsa. Os clubes rebaixados, ou aqueles que viviam ameaçados e escapavam no fim, não passavam por isso apenas porque estavam em crise; sofriam porque se arriscavam: muitas vezes estavam envolvidos com a Libertadores, em meio às semifinais ou já na final, e apropriadamente largavam o campeonato brasileiro com os reservas, que nem sempre iam mal, mas raramente iam bem e deixavam seus times no pé da tabela, a torcida irada por se ver, de repente, o centro da pilhéria, apesar do sucesso em nível continental. E nem assim os clubes de porte médio – e seu clube não passava de médio – aproveitavam a chance. A tendência – ou talvez a meta – era ganhar em casa e empatar ou perder de pouco fora. Ao fim, dos mais de cem pontos disputados – e como não se podia ganhar todas as partidas em casa – seu clube chagava a sessenta ou sessenta em cinco, no máximo. O suficiente para se inscrever entre os dez primeiros e disputar a Copa Sul-Americana, espécie de segunda divisão do intercontinental. Pedreira torcer para um time assim, come-corda. Já estava de saco cheio. Nenhuma participação em Libertadores.

Conto recém-publicado na Verbo21, na coluna que tenho por lá, a Seara do Gallo. Portanto, quem quiser ler o resto da história, entre aqui: www.verbo21.com.br
Imagem: Futebol (1935), de Portinari.

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