"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

POETA-POEMA, 62: KÁTIA BORGES

Maternidade, do brasileiro Eliseu Visconti (1866-1944).
| Expor um poeta, defini-lo com um só poema.
Despertar com ambos alguma consciência. |

PRÓLOGO

Do pó à pena, poucas léguas.
Letras enfermas, convalescentes,
através dos séculos, em poemas.

Quero, dos homens,
só que não me lembrem.
Ser célebre é construir a lápide
antecipadamente.

Ao final, todos iremos
para os vermes
ou as cinzas,

aquele que imortaliza seu legado
e o que recolhe folhas num parque
e nada deixa em testamento.

KÁTIA BORGES (1968). Poetisa brasileira, nascida em Salvador, BA. Com quatro ou cinco títulos publicados, é seguramente uma das mais promissoras vozes do lirismo atual, estabelecendo um diálogo entre a tradição modernista e os novos tempos. Poema extraído de seu livro de estreia: De volta à caixa de abelhas (Funceb, 2002).

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