"Em uma praia sem atrativos como aquela, sem charme como um resort do Nordeste jamais imaginaria existir, eu via mulheres de todos os tipos e de todos os jeitos, mesmo que procurasse não olhar. Morenas de maiô branco. Loiras com a parte de cima do biquíni aberta nas costas, espécie de topless familiar. Ruivas ficando mais sardentas, meninas aprendendo a virar moças e ainda aquelas com livros na mão, ou revistas, ou jornais, ou a bula do protetor solar, que fosse. Cada uma, uma possibilidade.
"Então eu tive a única iluminação da minha vida, contrariando todos os avisos de apagar as luzes que o governo, em crise de energia, andava espalhando pelo país.
"Não era Úrsula que eu queria, quando me separei de Alice. O que eu queria, na verdade, eram as possibilidades."
CLAUDIA TAJES, em As pernas de Úrsula (L&PM, 2011). A autora vem desenvolvendo um belo trabalho de renovação da literatura brasileira contemporânea, conferindo às suas tramas cotidianas uma mistura de psicologia e humor. Nesta novela, assistimos ao despertar de um Casanova moderno, aprisionado durante anos a um casamento insalubre.
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