Em meio ao mítico deserto africano, onde os diamantes pululam à flor da terra, Peter Lorre diz para Burt Lancaster, à entrada de um restaurante chique de Diamantstad:
"Olhe este lugar um instante. Sempre me lembra o interior de uma baleia. É só uma associação intelectual, claro. Mas é do interior de uma baleia que retiramos a base para os perfumes mais incríveis, o que, em troca, confundimos com desejo, virtude, uma grande paixão. Por que está aqui? Eu, você, qualquer um de nós, por que ficamos em Diamantstad? Porque nos apaixonamos. É, sim, nós nos apaixonamos, colhendo desta mulher, deste deserto, desta cortesã impiedosa. Mas ficamos aqui, eternamente esperançosos, por um pequeno privilégio resplandecente. Este deserto é um lugar incrível, onde as pedras preciosas estão logo aqui embaixo, livres. Livres e prontas a ser apanhadas, não fossem algumas restrições infelizes".
Com roteiro de Walter Doniger e John Paxton, e direção do alemão William Dieterle, que se especializou em filmes biográficos, Zona proibida (Rope of sand, 1949) é um noir diferente, passado sob o sol implacável do deserto e na escuridão silenciosa da ambiguidade humana. Mas os ícones básicos estão presentes: a femme fatal (interpretada pela francesa Corinne Calvet), homens ambiciosos em luta, riqueza imensurável, marcas do passado, traições, caprichos, virtudes inesperadas e beijos de perder o fôlego. Se a maior conquista dos filmes do gênero noir é mesmo a mulher, não será demais afirmar que seus melhores companheiros são, de fato, os diamantes.
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