"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 3 de janeiro de 2010

OS HÚNGAROS

Prezada Bípede, obrigado pelos recentes comentários aqui no Não leia! Um feliz 2010 para você e para toda a família Bípede! Sobre os escritores húngaros, um excelente livro é: Antologia do conto húngaro (4a. edição pela Topbooks, 1998), organizada pelo húngaro-brasileiro Paulo Rónai e com uma extensa e arguta introdução assinada por Guimarães Rosa. Estão todos ali: Márai, Ady, Molnár, Krudy, Szép, Gelléri, Kostolányi e muitos outros. Há uma segunda antologia publicada pela EDUSP, em 1991, também organizada por Rónai e também maravilhosa: Contos húngaros. Novamente, Kostolányi, Molnár, Szép, Gelléri, Déry, entre outros. Procure ainda o volume com duas novelas de István Örkény, que nos deixam perplexos com sua atualidade: A exposição das rosas (Editora 34, 1993). Niki: a história de um cão, de Tibor Déry, saiu pela Veredas (2002) e faz uma poderosa crítica ao Comunismo. O companheiro de viagem, de Gyula Krudy, veio a público pela CosacNaify, em 2003. Roteiro do conto húngaro, organizado por Rónai, e claramente a base do volume Antologia do conto húngaro, é hoje uma raridade editorial, pois foi publicado em 1954, na coleção Os cadernos de Cultura, do MEC, e jamais reeditado. Nesta obra, além dos contos, temos fotos de três ou quatro escritores, alguns dos mais célebres talvez. Há ainda: O tradutor cleptomaníaco, de Dezsö Kosztolányi, pela Editora 34, de 1996, que reúne alguns contos que o autor escreveu com seu alterego Kornél Esti; um livro realmente espetacular, de contos simples e profundos; já Os meninos da Rua Paulo, de Ferenc Molnár, recém-lançado pela CosacNaify, foi durante décadas um livro marcante para a formação do jovem brasileiro. Hoje, está meio esquecido. Também de Molnár, temos O poste a vapor (CosacNaify, 2005), uma novela que é uma verdadeira joia literária. Por fim, A tragédia do homem, de Imre Madách, peça mundialmente conhecida, foi traduzida por Paulo Rónai e publicada em 1980 pela Salamandra em coedição com a UERJ. No campo da teoria, da história e crítica literárias, há poucas publicações respeitáveis, mas podemos citar: À sombra do quarto crescente, de Aleksandar Jovanovic, um passeio pelos temas literários e culturais dos países do Leste Europeu, entre os quais a Hungria, e, do próprio Paulo Rónai, Pois é: ensaios (Nova Fronteira, 1990) e Como aprendi português e outras aventuras (Artenova, 1975). Em ambos há vários ensaios sobre autores húngaros e aspectos de sua literatura e cultura. O último lançamento de autor húngaro no Brasil de que tive notícia (não sou muito de ler jornais e revistas, prefiro vagar nas livrarias e achar por mim mesmo os "melhores" autores e livros), além, é claro, das obras de Imre Kertész e Sandor Márai, regularmante publicadas por aqui há anos, foi O viajante e o mundo da lua (Ediouro, 2007), de Antal Szerb. Bem, era isso. Não é certamente tudo, mas é um caminho para esse pequeno país de grandes escritores que é a Hungria.

5 comentários:

Bípede Falante disse...

Mayrant, que aula maravilhosa você me dá, assim de surpresa, para iluminar as minhas leituras de 2010. Vou procurar por todas. Ontem, procurei pelo O Tradutor Cleptomaníaco em um zilhão de sites. As livrarias não tem. Na editora está esgotado. No sebo da Estante Virtual também, por hora, não há nada. Mas não vou desanimar. Aliás, com essa nova lista, tenho mais tesouros para encontrar. Super hiper tri obrigada. Estou contentíssima :)

Georgio Rios disse...

Um verdadeiro mapa!!!E como tesouro a mostra!!!Uma senhora Aula!!

Lidi disse...

Mayrant, você é mesmo um grande mestre, sempre nos presenteando com tuas aulas. Lembro que li, indicadas por você, as duas novelas de István Örkény: A exposição das rosas e A família Toth. Adorei. O desfecho de A família Toth foi catártico. Os húngaros são mesmo muito bons. Um grande abraço.

Hitch disse...

Comprara O viajante e o mundo da lua por indicação de Paulo. Imagine a minha satisfação em vê-lo mencionado aqui, nesta exposição de nobres. Aquele abraço.

ISABELLE FONTRIN disse...

Oi, obrigada pelas dicas maravilhosos sobre os escritores Húngaros. Adoro a Hungria e estava procurando na Internet sobre seus escritores.
estou há dois meses em Budapeste e graças a tua indicação comprei daqui - encontrei nos sebos todos os livros indicados - para quando em agosto volto já estarem à minha espera para leitura. Agora vou seguir tuas indicações.
Isabelle Fontrin