"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 24 de janeiro de 2010

A RESPOSTA PELO TAO

Recentemente, um jornalista de província me envolveu, por incompetência e descuido, numa embrulhada na revista Bravo. Tive que dar explicações e, por mais que desejasse me ausentar do episódio, ele retorna, a me exigir participação. Deixo aqui agora, de forma definitiva, a minha resposta, através de um texto excelente de Henri Borel, extraído do seu maravilhoso livro, sobre o Tao, Wu wei, a sabedoria do não-agir (São Paulo: Attar, 1996), em tradução de Margarita Lamelo Cacuro e Sérgio Rizek:

"O Tao não é bom nem mau, é tão-somente a única Realidade. O Tao é. Todas as coisas irreais têm vida ilusória, feita de contrastes e relatividade. Elas não vivem por si mesmas, são somente engano. Deixa de querer ser bom, e não penses que és mau. Wu wei, não-agindo, é assim que te deves deixar conduzir. Não ser bom nem mau, nem grande nem pequeno, nem alto nem baixo. Tu só serás realmente no dia em que, observa o sentido de minhas palavras, já não fores mais. Livra-te primeiro de todas as ilusões, desejos e aspirações, e então estarás no caminho, sem que precises sabê-lo, sem que precises ser conduzido por uma causa conhecida. Estarás seguindo para o Tao através de um ritmo suave, ou seja, por seu princípio vital puro, o único real. E seguirás assim, de forma tão clara e natural como as nuvens douradas que já se dissolveram no céu".

Pintura: Saquarema (1955), de José Pancetti (1902-1958).

Um comentário:

Bípede Falante disse...

Mayrant, outros bípedes e eu estamos pensando em criar um blog coletivo para os falantes da língua portuguesa, falantes de qualquer lugar do mundo. A ideia surgiu essa semana. Está germinando, bem no início, e seria incrível se você fizesse parte. O que você acha?