"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

VÁ E VEJA, 23: JANE AUSTEN

Os personagens Darcy e Lizzi, de "Orgulho e preconceito".
Quatro romances de Jane Austen adaptados para a tevê pela BBC. Quantro obras-primas da literatura em adaptações primorosas em todos os aspectos: roteiro, locações, figurino, direção, atores. São: Emma, Persuasão, Razão e sensibilidade e Orgulho e preconceito, a mais famosa de todas as histórias da autora. Compõem a caixa O melhor de Jane Austen, com oito DVDs, em 773' de trama e 158' de material extra. Lançada no Brasil pela Logon em 2011, infelizmente encontra-se esgotada. A caixa em catálogo, atualmente, traz apenas três histórias: não se sabe por que motivo Persuasão, com desempenho primoroso de Sally Hawkins no papel principal, foi excluída.

Se o espectador não leu os livros, vai se encantar com a descoberta dessas histórias que deram fama à sua autora e são reeditadas, ano após ano, em muitos países e diversos idiomas. Se já leu, vai apreciar "revê-los". Muito do texto de Austen está preservado, especialmente nos espirituosos diálogos, plenos de ironia, e nas ambientações, interiores e exteriores, laconicamente descritas e que as adaptações recriam como se estivessem fazendo aparecer, diante dos nossos olhos, o que a autora pintou com palavras tão fluidas. 

E não há como não se apaixonar por suas heroínas: a carismática Anne Elliot, inteligente, sensível e bondosa, a quem todos dedicam atenção por este ou aquele motivo, mas que precisa e muito lutar para alcançar a plenitude de seus sentimentos; a casamenteira Emma Woodhouse, de temperamento pimenta e já uma feminista convicta, muito embora não o seja nem por pose nem por conveniência, o que é, sem dúvida, uma prova de sabedoria; as irmãs Elinor e Marianne, empobrecidas pela morte do pai e que, diante de um futuro orientado pelas convenções sociais, obrigam-se a opor razão e sensibilidade; e, por fim, a romântica e obstinada Lizzy Bennet, que não admite casar sem amor, por mais rico que seja o pretendente, e vê desfilar diante de si o embate das classes sociais, acirrado pelo desprezo recíproco de nobres e emergentes.

Obviamente que estas adaptações para a tevê de quatro dos melhores romances de Jane Austen não os substituem. Ler é imprescindível, qualquer que seja o ângulo de análise e o argumento que se utilize para apreciá-los ou não. A leitura é sempre uma impressão do autor filtrada pela sensibilidade e experiência de quem lê, e isso é insubstituível. No entanto, é um deleite para o espírito e os olhos assistir a estas aventuras que, verbalizadas literariamente por Jane Austen, transformaram-se em vida através das grandiosas imagens destas adaptações. Saímos renovados de cada uma destas histórias, e mais cientes de quem somos e de como funciona o mundo. E como são belas e verdadeiras! Como pulsam de otimismo e humanidade!

Um comentário:

Lidi disse...

Assisti somente a "Orgulho e preconceito", belíssimo filme. Após ler a sua resenha, vou correr atrás dos outros. Um abraço.