"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

AS PROMESSAS DO MEC

Capa: André Ricci Romano.
Em 2009, ganhei com mais nove autores o prêmio Literatura Para Todos, do MEC, com a novela Moinhos. Recebi o prêmio em dinheiro, mas a edição de 300 mil exemplares da novela, que a princípio seria distribuída em escolas públicas de todo o País, jamais passou de promessa, palavras vazias num edital que não se levou a sério. Tal fato, metonimicamente, dá a medida do que é o MEC e, por extensão o Governo do Brasil, quando o assunto em questão é educação, arte ou cultura. E não esqueçamos o que disse o Pai da Relatividade: o maior inimigo do homem é o Governo. Felizmente, Moinhos saiu em edição comercial, enfeixada no volume Três infâncias, publicado pela Casarão do Verbo, em 2011, para a alegria do autor e o deleite de alguns poucos leitores. Se é verdade que se conhece uma nação pelas celebridades que ela cultua (Woody Allen, em Celebridades), é lícito afirmar que se compreende melhor um Governo  por aquilo que ele não cumpre ou deixa de fazer. E fatos miúdos como este são somente peças de uma engrenagem muito maior, que funciona a duras penas, resfolegando na escuridão. Mas o dinheiro que ela imprime, movimenta, distribui...

2 comentários:

Alaor Ignácio disse...

Estimado Mayrant,

No finalzinho do segundo volume de “Guerra e paz”, Tolstói desmistifica tanto a atuação política e bélica de Napoleão Bonaparte, quanto a do tzar russo Alexandre I, lados opostos da guerra que varreu o país deste último no início do século 19. “Se o objetivo era a difusão de ideias, a impressão de livros teria alcançado isso de forma imensamente melhor do que o emprego de soldados”, diz a certo ponto.
Parece-nos, a cada dia, que os gestores do MEC sequer leram Tolstói, mas resolveram brincar com o dinheiro e as ações públicas: - Vamos promover a literatura para todos?
A versão acadêmica de meu livro “Cascatinha e Inhana: uma história contada às falas e mídia”, cuja reescrita também me fez merecedor do mesmo prêmio que você conquistou em 2009 – o “Literatura para Todos”, no gênero perfil biográfico, também já foi publicada pela Editora Annablume, de São Paulo, em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de São José do Rio Preto – FAPERP, no final de 2010. Enquanto isso, os propalados 300 mil exemplares que você bem cita, prometidos pelo MEC em entrevistas e editais públicos a nós e aos novos leitores de todo país, continuam engavetados pelo descaso dos burocratas.
Lá se vão quatro anos, desde que o então ministro da Educação e atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, nos entregou o prêmio em Belém, e reafirmou seu compromisso publicamente com o cumprimento do edital do prêmio.
Você tem plena razão, Mayrant, esses fatos miúdos demonstram aos pedaços a falácia de nosso Governo federal. Uma pena, porque um dia, ingênuos, acreditamos nele.

Antonio Barreto disse...

Apoiado, Mayrant! Pior foi o meu caso, que nem dinheiro de prêmio recebi, pois me deram uma Menção "Desonrosa" no mesmo concurso, para um livro de crônicas. Acho que todos nõs, os "premiados" com tal desplante do MEC, devíamos nos unir, contratar um advogado comum e acionar o MEC na Justiça! Quem sabe o Barbosão não dá um jeito nesses malandros do MEC? (PS: o ministro da época era o Haddad, esse mesmo que agora está esfolando o povo de SP com um IPTU estratosférico!