"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

BAHIA: EDUCAÇÃO SEM LEITURA

Charge de Altair Oliveira da Fonseca.
Domingo agora se realizará a Feira Mensal de Livros no Campo Grande, a primeira do ano. Idealizada por mim, quando à frente da Diretoria do Livro e da Leitura, da Fundação Pedro Calmon, era uma das atividades de livro e leitura que mais agradavam ao falecido professor Ubiratan Castro de Araújo. Aglutina livreiros, editores, leitores e escritores e conseguiu, durante o ano passado, impor uma tradição que não sei se o secretário de cultura Albino Rubim, com o seu ódio aos livros, especialmente de literatura, vai manter. Um poeta meu amigo me telefonou ontem. Durante a longa conversa que tivemos, ele me revelou uma história aterradora. O referido secretário, quando era professor da Faculdade de Comunicação da UFBA, ao receber do poeta seu livro, obviamente um volume de poemas, retrucou, enfiando a mão no bolso e pegando uma cédula para lhe pagar: "Vou comprar, mas não vou ler". Este fato revela, ao mesmo tempo, desprezo pela produção intelectual alheia e falta de educação. Se ele não iria ler o livro, nem deveria comprá-lo. Deveria simplesmente recusá-lo e seguir ministrando suas aulas. É nas mãos desta pessoa que está o destino do livro, da leitura e da literatura na Bahia. Depois desta história, é difícil crer que a Feira Mensal de Livros no Campo Grande dure muito tempo, e ainda mais com a educação que temos, preparando pessoas sem senso crítico e para servir ao mercado de trabalho. Sem falar que o que "eles" querem mesmo é pessoas votando às cegas, em 2014, porque são obrigadas por lei. Certa vez, na feira de livros no Campo Grande, uma jovem repórter de A Tarde me procurou para uma entrevista. Sua primeira pergunta foi: "Por que se lê tão pouco na Bahia?" Respondi, sem hesitar: "Por que a nossa Educação não educa as pessoas para ler". É a verdade, mesmo que não queiramos admitir.

Um comentário:

Marcus Borgón disse...

É muita falta de educação para um estado só. É muita infelicidade para um povo só.
E é muita ignorância e prepotência para uma pessoa só. Triste Bahia.