A prova do mel (Objetiva, 2009) é de Salwa Al-Neimi, escritora síria
radicada em Paris, e foi publicado inicialmente por uma editora do Líbano.
Narra o cotidiano de uma bibliotecária que lê e, ainda mais estranho, lê os livros
proibidos, os livros árabes escritos para “ser lidos com uma só mão” e que
educam para a prática da cópula. Mas ela o faz de maneira escusa, colocando-os
dentro de outros livros. Certa de que ninguém conhece seu ambicioso hábito de
leitura, a moça segue sua rotina, até que um dia é convocada pelo diretor da
biblioteca, que lhe comunica que a inscreveu para fazer uma palestra sobre os
livros eróticos árabes na exposição Inferno
dos Livros, nos EUA. Daí por diante, enquanto intensifica suas leituras,
que agora ganharam um propósito justificável (como se simplesmente ler e
atingir o conhecimento, qualquer que seja, não fosse o bastante), ela nos
apresenta, com seu relato, o que aprendeu naqueles livros e como o pratica com seu
amante, o Pensador, e outros homens, ao passo que entrevista mulheres para
saber mais sobre a vida sexual das pessoas que estão à sua volta. Audacioso,
austero e sofisticado, A prova do mel
apresenta uma poética reflexão sobre a condição da mulher, de homens e mulheres
que não vão para a cama dormir e de
um mundo que sufoca seus desejos em favor de obscuros dogmas. Talvez a frase
que resuma este belo livro seja a que está no capítulo VII, “O corpo é quem
inicia a história”, embora a sua epígrafe seja mesmo o que dizia Ibn-Arabi: “A
prova da doçura do mel é o próprio mel”.
Publicado originalmente na coluna Crítica Rasteira, da revista Verbo 21, em janeiro de 2013.
Um comentário:
Mayrant, essas capas e histórias vão estourar meu orçamento. Já comprei um, o outro me tenta.
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