"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

AS AVENTURAS DE BIMBA RHUIM E SUA TRUPE

The Brazilian Bombshell. 
1. Desafeto e saia

Chegou a excessos emotivos a recepção a Bimba Rhuim e Papaiva durante a posse dos mesmos no Cecult ― Centro Executivo de Cultura ― do Estado de Baraúna.
Oriundos do povo ― o primeiro foi dublê de anão, mesmo não sendo anão, em Engovewood, e o segundo regeu, com singular êxito, em Caracas, um coral de capivaras ―, ambos prometem democratizar a cultura ― ou será arte? Não importa! Às vezes eles usam uma palavra, às vezes a outra.
Durante os festejos, nos quais não faltaram manifestações artísticas ― ou serão culturais? ―, com cobertura de toda a imprensa de Baraúna, Bimba Rhuim, presidente do Cecult, e Papaiva, chefe cultural, fizeram imitações. O primeiro arrancou aplausos com sua performance de Carla Pérez, célebre dançarina de lundu na Bahia, e o segundo ― nem precisou de frutas para dublar Carmen Miranda.
No dia seguinte, na entrevista coletiva, à mesa, um ao lado do outro e mais dois assessores representativos, Bimba Rhuim ouve a imprensa.
― Sr. Presidente ― começou um repórter ―, como o senhor pretende aparelhar sua equipe? ― e antes que Rhuim o corrigisse, ele emendou: ― Quero dizer, sua trupe?
― Com saia rodada... ― disse, nem alto nem baixo, outro repórter, de modo que todos ouviram e de modo que, mesmo assim, todos se calaram.  

2 comentários:

Marcus Borgón disse...

Perfeito! Como dizia meu pai, nos momentos de adversidade, a criatividade se assoma.

Abração!

Marcus Sub

Lidi disse...

"[...] ambos prometem democratizar a cultura ― ou será arte? Não importa! Às vezes eles usam uma palavra, às vezes a outra." Muito bom, Mayrant, é assim mesmo! Adorei o conto. Abraço.