1.
Desafeto e saia
Chegou
a excessos emotivos a recepção a Bimba Rhuim e Papaiva durante a posse dos
mesmos no Cecult ― Centro Executivo de Cultura ― do Estado de Baraúna.
Oriundos
do povo ― o primeiro foi dublê de anão, mesmo não sendo anão, em Engovewood, e
o segundo regeu, com singular êxito, em Caracas, um coral de capivaras ―, ambos
prometem democratizar a cultura ― ou será arte? Não importa! Às vezes eles usam
uma palavra, às vezes a outra.
Durante
os festejos, nos quais não faltaram manifestações artísticas ― ou serão
culturais? ―, com cobertura de toda a imprensa de Baraúna, Bimba Rhuim,
presidente do Cecult, e Papaiva, chefe cultural, fizeram imitações. O primeiro
arrancou aplausos com sua performance de Carla Pérez, célebre dançarina de
lundu na Bahia, e o segundo ― nem precisou de frutas para dublar Carmen
Miranda.
No
dia seguinte, na entrevista coletiva, à mesa, um ao lado do outro e mais dois
assessores representativos, Bimba Rhuim ouve a imprensa.
―
Sr. Presidente ― começou um repórter ―, como o senhor pretende aparelhar sua
equipe? ― e antes que Rhuim o corrigisse, ele emendou: ― Quero dizer, sua
trupe?
―
Com saia rodada... ― disse, nem alto nem baixo, outro repórter, de modo que
todos ouviram e de modo que, mesmo assim, todos se calaram.
2 comentários:
Perfeito! Como dizia meu pai, nos momentos de adversidade, a criatividade se assoma.
Abração!
Marcus Sub
"[...] ambos prometem democratizar a cultura ― ou será arte? Não importa! Às vezes eles usam uma palavra, às vezes a outra." Muito bom, Mayrant, é assim mesmo! Adorei o conto. Abraço.
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