VERSOS DE NATAL
Espelho, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!
Mas se fosses mágico,
Penetrarias até o fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera de Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.
MANUEL BANDEIRA (1886-1968). Ícone da poesia de língua portuguesa
no século XX, ao lado de Drummond, Pessoa, Quintana e Cecília Meireles,
Bandeira escreveu este poema de Natal em 1939 e o enfeixou com outros no livro Lira dos cinquent’anos, inserido na
primeira edição do volume Poesias
completas (1940).
Foto: Andréia Gallo.
Um comentário:
Bela foto tirada por Déia, belos versos de Bandeira para celebrar o Natal. Um abraço, Mayrant. Saudade de vocês e de Zhang. Boas festas!
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