"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

É NATAL!


VERSOS DE NATAL

Espelho, amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!

Mas se fosses mágico,
Penetrarias até o fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera de Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.

MANUEL BANDEIRA (1886-1968). Ícone da poesia de língua portuguesa no século XX, ao lado de Drummond, Pessoa, Quintana e Cecília Meireles, Bandeira escreveu este poema de Natal em 1939 e o enfeixou com outros no livro Lira dos cinquent’anos, inserido na primeira edição do volume Poesias completas (1940).

Foto: Andréia Gallo.

Um comentário:

Lidi disse...

Bela foto tirada por Déia, belos versos de Bandeira para celebrar o Natal. Um abraço, Mayrant. Saudade de vocês e de Zhang. Boas festas!