"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
VÁ E VEJA, 16: DIVÃ DO AMOR
Jake Singer é professor de literatura e frequenta um estranho psicanalista argentino, o Dr. Morales. Ao conhecer a bela viúva Allegra Marshall, sua vida ganha um novo sentido e, pouco a pouco, ele escapa da melancolia tchekhoviana em que está imerso. Mas, como a própria vida, as relações, e em especial as amorosas, não são fáceis. Surgem os incidentes, a pressão paterna, as exigências do seu psicanalista e a tensão que qualquer relacionamento impõe. O pessimismo do contista Raymond Carver paira sobre a cabeça dos amantes, e a indiferença camusiana, apesar de coerente com o absurdo da vida, não é a solução. Divã do amor, mal traduzido no Brasil, pois originalmente intitula-se The treatment, é uma grata surpresa, o tipo do filme que começamos a assistir despretensiosamente e, com poucos instantes, estamos arrebatados. Baseado em romance de Daniel Menaker (que assina o roteiro em parceria com o diretor, Dren Rudavsky), e repleto de citações literárias, com leves influências de Woody Allen, e uma ironia que costura todas as falas, Divã do amor seduz e empolga. Não é uma comédia, como anunciado na embalagem do DVD (às vezes me pergunto, assombrado, quais são os critérios dos distribuidores na classificação dos filmes), é um drama, uma história de amor quase "ordinária, como tantas outras, entre um professor de literatura meio inadaptado à vida e uma mulher frágil, marcada pela recente perda do marido. Sutil, delicado, vivo e literário, The treatment nos conduz à cura dos maus filmes, que não são poucos e geralmente sobram em pretensão, pois são menos eloquentes que tagarelas.
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