"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 16 de maio de 2010

AS IDEIAS DE ROBERT BRESSON

"É preciso que uma imagem se transforme no contato com outras imagens, como uma cor no contato com outras cores. Um azul não é o mesmo azul ao lado de um verde, de um amarelo, de um vermelho. Não há arte sem transformação."

"Criar não é deformar ou inventar pessoas e coisas. É estabelecer entre pessoas e coisas que existem, e tais como elas existem, novas relações."

"Em toda arte existe um princípio diabólico que age contra ela e tenta demoli-la."

"Nem realizador, nem cineasta. Esqueça que você faz um filme."

"Não filmar para ilustrar uma tese, nem para mostrar homens e mulheres limitados a seu aspecto exterior, mas para descobrir a matéria da qual eles são feitos. Atingir esse 'coração do coração' que não se deixa captar nem pela poesia, nem pela filosofia, nem pela dramaturgia."

"Nade de excesso, nada que falte."

"O cinema sonoro inventou o silêncio."

"Aproximar as coisas que ainda jamais foram aproximadas e não pareciam dispostas a ser."

"Uma coisa errada, se você mudá-la de lugar, pode ser uma coisa bem-sucedida."

"Desmontar e remontar até a intensidade."

"Não pense no seu filme além dos meios que você criou para você."

"Seja o primeiro a ver o que você vê como você o vê."

"Remeter o passado ao presente. Magia do presente."

"Uma coisa velha se torna nova se você a destaca do que a cerca habitualmente."

ROBERT BRESSON (1907-1999), cineasta francês de renome, tinha um estilo único de filmar e filmava incansavelmente à sua maneira, sem se trair nunca. Foi também um teórico do cinema, com ideias próprias que influenciam artistas até hoje, e não somente do meio. É importante perceber que as reflexões acima podem ser direcionadas, por exemplo, à criação literária, especialmente a prosa. Entre seus filmes mais célebres estão: Pickpocket (1959), O processo Joana D'Arc (1962) e O dinheiro (1983). Trechos extraídos de Notas sobre o cinematógrafo (Iluminuras, 2005), de autoria de Bresson.

2 comentários:

Anônimo disse...

Vi apenas Pickpocket, todavia, já atesta a excelência de Bresson. Sua câmera é um tela prenhe de sentidos. Desmonta e nos remonta até "a intensidade". Grande elenco de notas. Aquele abraço.

André Setaro disse...

Sempre lendo os seus posts inteligentes e pontuais.