Não sou Ninguém! Quem é você?
Ninguém - Também?
Então somos um par?
Não conte! Podem espalhar!
Que triste - ser - Alguém!
Que pública - a Fama -
Dizer seu nome - como a Rã -
Para as palmas da Lama!
Muita Loucura faz Sentido -
A um Olho esclarecido -
Muito Sentido - é só Loucura -
É a Maioria
Que decide, suprema -
Aceite - e você é são -
Objęte - é perigoso -
E merece uma Algema -
Algumas Borboletas há
Nos Campos do Brasil -
Voam ao meio-dia só -
Depois - cessa o Alvará -
Alguns Aromas - vêm e vão -
À tua escolha, uma só vez -
Estrelas - que à Noite entrevês -
Estranhas - de Manhã -
Morrer por ti era pouco.
Qualquer grego o fizera.
Viver é mais difícil -
É esta a minha oferta -
Morrer é nada, nem
Mais. Porém viver importa
Morte múltipla - sem
O Alívio de estar morta.
EMILY DICKINSON (1830-1886). Poetisa norte-americana. Estranha, lírica, nova, maravilhosa, eterna. Descobrir e redescobrir sua voz, seus versos e seu ritmo é jamais se afastar - nem dela nem de si mesmo. Poemas traduzidos por Augusto de Campos e extraídos de Emily Dickinson: não sou ninguém (Unicamp, 2008).
3 comentários:
Bom terminar o ano com Emily e sua maravilhosa poesia. Desejo pra você e Andréia muitas alegrias em 2010. Um abraço.
Por Deus, eu tenho esse livro, eu tenho Emily aqui, comigo. Aquele abraço.
Excelente título Mayrant.
Sempre e sempre me maravilho com a capacidade dessas (algumas) mulheres de terem vivido à época em que viveram e serem tão a frente, tão atuais, tão atemporais.
Maravilhoso esse poema.
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