"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quarta-feira, 24 de junho de 2009

VÁ E VEJA, 3

1) Oi, Mayrant, como te escrevi anteriormente, belíssimo filme! Amei Um dia muito especial. O diálogo com Encontros e Desencontros é nítido. Enquanto todos estão preocupados com o encontro de Hitler e Mussolini, Antonieta e Gabriele (deslocados daquele episódio) se encontram e descobrem que, para além de suas rotinas, vivem angústias em comum. Ele, intelectual, homossexual, desempregado e solitário. Ela, mãe de seis filhos, casada e, apesar disso, também solitária. A cena em que ela bebe o resto do café do marido e dos filhos, porque está cansada demais para preparar seu próprio café, foi, para mim, muito forte. Mostra bem a atmosfera da vida que ela vivia. E a cena em que ele implora para que conversem com ele ao telefone foi igualmente tocante. Mas, a partir do momento em que se conhecem, eles descobrem que existe uma outra opção. Ela, por exemplo, percebe que seu mundo pode ser maior do que a sua cozinha. Apesar disso, Gabriele não muda sua opção sexual, tampouco Antonieta muda a sua vida. Assim como em Encontros e Desencontros, estavam inconformados com a vida que levavam, porém estagnados, presos a ela. Tiveram um relacionamento físico, mas isso não mudou a opção de Gabriele, nem fez com que Antonieta tomasse uma decisão mais definitiva. Viveram um dia muito especial e voltaram ao que eram, voltaram às suas realidades, às suas rotinas. Como o pássaro que, de certa forma, os aproximou (que gozou momentos de liberdade e voltou para a sua gaiola), assim aconteceu com Gabriele e Antonieta. No entanto, percebemos que, se não houve uma mudança objetiva na vida deles, por outro lado não continuaram os mesmos. Quando Antonieta está jantando com o marido e os filhos, ela não é mais a mesma pessoa daquela manhã. O filho comenta sobre as fotos dos jornais, que ela recorta para montar um álbum, mas notamos que essa atividade para ela não terá mais a mesma valia. Algo mudou. Assim como algo mudou em mim. Não saí a mesma ao terminar de assistir este filme. Um filme delicado, sensível, tocante mesmo. Fiquei curiosa em assistir outros filmes de Ettore Scola. Aprecio muito os filmes italianos. Obrigada por este presente, Mayrant. Grande abraço, Lidi.

2) Oi, Lidiane, acabei de ler seu comentário a Um dia muito especial. Você demonstra o quanto gostou do filme, e o quanto ele a "abalou". É, de fato, um filme excepcional. Um filme para assistirmos sempre. Uma aula de cinema. De vida. Um acúmulo de sentimentos estranhos, humanos e ilusórios. Com um detalhe: os dois personagens, solitários naquele conjunto residencial vazio como no fim do mundo, acompanhados de uma única ave, são como o último casal sobre a Terra... E a ave os une como que para a procriação de um novo mundo, mais justo, sensível e sem preconceitos, sem guerra, sem violência. Um símbolo, uma utopia, claro, já que eles vão continuar o que são, embora, paradoxalmente, transformados. Era isso, abraço, M.

5 comentários:

Hitch disse...

Como te disse, Lidi é especialíssima. Por isso que só basta ela existir. Aquele abraço.

Bárbara disse...

Tenho muito orgulho dessa minha amiga e estou curiosíssima para assistir este filme! Como sei que Thiago é o primeiro da fila ... rs!

Lidi disse...

Mayrant, você sempre me surpreendendo. Primeiro, me presenteia com este belíssimo filme e, agora, publica o meu comentário. Obrigada por tudo, inclusive, pela amizade. Adoro discutir filmes e livros com você, aprendo muito. Um grande abraço.

Lima disse...

Uau! Não conheço este filme, mas tudo o que vi do Ettore eu amei... Pelos comentários dos dois, o filme deve ser no mínimo excelente... vou correr atrás... Abraços nos dois!!!

Senhorita B. disse...

Esse filme é MARAVILHOSO!!!!
abs,
Renata