"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 7 de junho de 2009

ESTÉTICA VIOLENTA

Não há explicação quanto ao que nos faz gostar de um poema um conto um romance um filme. Quantas vezes li Felicidade, de Marques Rebelo, bem brasileiro! Quantas vezes a primeira página de Machado, o Casmurro. E mais ainda a frase “que eu conheço de vista e de chapéu”. Quantas vezes Antonioni, Camus, Örkény! Quantas vezes os exercícios de Borges. Exercícios mentais, históricos, de exibição do intelecto para o gozo dos olhos. Quantas vezes, em Tóquio violenta, de Suzuki, esta cena: um carro, bandidos, uma mulher bonita que surge na calçada, um deles que a chama, e ela que se volta – e assim a imagem, num close inesperado e estonteante, revela-nos seus olhos, sua boca e nos antecipa toda a estética do filme, pois a surpresa da moça é a nossa.
Imagem: close de Tóquio violenta (1966), de Seijun Suzuki.

7 comentários:

Senhorita B. disse...

"Os infelizes são ingratos; isso faz parte da infelicidade deles." Victor Hugo
Que frase maravilhosa é essa? E que texto maravilhoso é esse? Acabei de publicar um post sobre como é bom gostar de várias coisas. Seu texto não deixa dúvidas de que você compartilha desta minha característica.
Abraços,
Renata

Vivz disse...

Não há explicação mesmo. E aquele ditado que diz que cada um tem seu gosto é uma verdade absoluta. Nem sempre me agrada algo que pode ter sido aclamado pelo público, assim como nem sempre coisas que me tocam profundamente e para as quais confiro os melhores adjetivos são sequer motivo de simpatia para outros. Talvez por isso a gente fique tão feliz quando percebe semelhanças nos outros, né? Beijos. :)

Emmanuel Mirdad disse...

O pior é quando este gosto se torna uma verdade em pregação.

Hitch disse...

O que acrescentar? É penoso gostar de tudo e não gostar de nada. Sinto-me mais à vontade com livros e filmes. O que sobra? Talvez a sincera declaração de que já adorei esse filme, mas que nunca vi. Agora a surpresa é minha. Aquele abraço.

Anônimo disse...

O Compartilhando Leituras é um novo blog que está no ar. Faça uma visita quando puder e deixe seu comentário. Obrigada!!!

compartilhandoleituras.blogspot.com

Lidi disse...

Mayrant, muito obrigada pelo comentário no meu blogue. Devo muito do meu amor pela literatura e pelo cinema a você. Um abraço.

Mariana disse...

Talvez, o que sentimos é uma identificação, uma tradução de pensamentos e sentimentos, que nos conforta. Alguns autores/cineastas/artistas conseguem compreender e transformar em arte exatamente o que estamos sentindo.