"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 14 de junho de 2009

DOIS POEMAS

REMOS

De canoa, vinha visitá-la
Todos os domingos à tarde
E juntos, lado a lado,
Se beijavam.

Eram namorados e um dia seriam casados.
A ilha invejava o idílio.
O idílio envolvia a ilha.

Um dia, depois de anos,
Ele não veio.

Acharam só a canoa vazia.
Sem os remos.


O TEMPO

Onde ontem uma barbearia
Hoje uma lanchonete

Se os tempos são unos e simultâneos
Enquanto se come
Cabelos flutuam

Comem-se sanduíches
E mechas.

MAYRANT GALLO. De OS PRAZERES E OS CRIMES, inédito. A bela foto acima é de autoria da fotógrafa NATHY SILVA.

5 comentários:

Georgio Rios disse...

Dois belos e vivificantes poemas.Onde o tempo é o senhor das engrenagens.Beleza MAYRANT

Senhorita B. disse...

Muito bons!
Abraços,
Renata

aeronauta disse...

Lindíssimos, Mayrant. Antológicos.

Bípede Falante disse...

A tristeza é mesmo senhora.Que vontade de chorar...

Hitch disse...

Muito que bem, dor e prazer em doses contundentes, nunca esgotadas. Aquele abraço.