"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

POETA-POEMA, 65: RIBEIRO COUTO

A arte do pintor norte-americano Eric Zener.
| Expor um poeta, defini-lo com um só poema.
Despertar com ambos alguma consciência. |

BRINQUEDO NA PISCINA

Não voltou. A piscina
Lisa é como um retalho
Azul na luz matutina.

A mãe aos gritos se descabela.
Ralhava sempre, mas tanto ralho
De que serviu? Lamenta-se ela.

Imóvel no fundo da piscina,
Não se sabe se finge de peixe
Ou brinca de pesca submarina.
Parece pedir que a mãe o deixe.

RIBEIRO COUTO (1898-1963). Poeta brasileiro, nascido em Santos, SP. Dividido entre o Modernismo e o Simbolismo, soube imprimir à sua poesia traços pessoais e, com isso, se destacar por si mesmo, como atesta o espécime acima, escrito em 1962, a um ano de sua morte. Esquecido hoje, foi no entanto um dos grandes poetas brasileiros do século XX. Poema destacado de Melhores poemas: Ribeiro Couto (Global, 2002).

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