Cacófato, segundo o dicionário Aurélio, é "som desagradável, palavra obscena ou palavra distinta, proveniente da união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais da seguinte". E exemplifica com as clássicas: "vi ela", "alma minha", "ela tinha" (muito comum atualmente, no jornalismo e na literatura) e outras, menos risíveis. Mas deixou de fora a mais comum do cancioneiro lírico atual da música brasileira de baixa qualidade, disseminada por rádios, tevês e internet: "eu amo ela".
Que o compositor sem muito talento, no calor da criação, cometa as suas cacofonias ou o escritor de livros da moda, pressionado pela criação a toque de caixa e que só se importa com a história, vá lá! Mas uma revista de circulação nacional, como a Época, que se apregoa formadora de opinião, cunhar uma chamada assim, e ainda mais na capa: "O risco Copa"!
Um pouquinho de cuidado não seria demais. E ainda mais que, volta e meia, a Época e suas rivais acusam os professores brasileiros de "não ensinar a gramática correta". Olhar o próprio rabo nem sempre é fácil.
Todavia, o que se deve perguntar é quem é o seu editor geral, quantos anos ele tem, o que faz, o quanto sabe, o que lê e se consegue detectar, de ouvido e semanticamente, uma cacofonia. No passado, quem exercia tal função era, por tradição, uma parede de experiência e saber. Hoje... Deixa pra lá! Talvez o editor geral da Época seja gago.
Estamos mesmo por promover uma Cocopa.
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