Godín: Uruguai 1x0 Itália (IG). |
O melhor jogador
em campo em Natal, no confronto entre Itália e Uruguai, foi o juiz. Sua soberba
atuação foi decisiva para o resultado, com a assistência precisa que deu à
seleção uruguaia, ao expulsar, me parece que injusta e exageradamente, o
meio-campo Marchisio. Não sei nem se foi falta, mas, se foi, não sei se foi para
cartão vermelho. Talvez nem para amarelo: Marchisio passa por um adversário, choca-se
com outro, e a chuteira do italiano raspa a perna do uruguaio, que vai ao solo,
numa cena digna do pior dramalhão mexicano. E veio o cartão vermelho,
inapelável.
O fato é que o
juiz não esteve bem. Alternava conversa excessiva com ausência de cartões,
conforme orientação da FIFA, mas, de súbito, se perdeu e favoreceu
decisivamente o Uruguai. Se me cabe especular, diria que foi o idioma. Mexicano,
o juiz simpatizou com os uruguaios e, lá no fundo da alma, viu a Itália como o
colonizador, à semelhança da Espanha, e, no miúdo do jogo, foi se deixando
pender. Inclusive, foi negligente quando não puniu com o cartão vermelho o atacante
Suárez, que, de fato, com um tremendo bocão, mordeu o zagueiro Chiellini. O
jogador italiano chegou a correr atrás do juiz, a mostrar o ombro ─ a evidência
da falta, a prova da infração ─, mas sem
efeito. O precedente lança a hipótese de que, a partir de agora, nas Oitavas, morder
é válido. E teremos a primeira Copa de Vampiros.
Se o Uruguai renasceu
no jogo em que venceu a Inglaterra, consolidou seu renascimento hoje, com a
simpatia do juiz. E quando a arbitragem torna-se simpática a um time, este vai
longe. No Brasil, há alguns clubes que desfrutam e muito desta prerrogativa. É
bem provável que contra a Colômbia este sentimento aumente, e o Uruguai saia
favorecido, mais uma vez.
No outro jogo do
grupo D, em Belo Horizonte, a Costa Rica segurou o zero a zero contra a Inglaterra e, assim, o
primeiro lugar. Um feito histórico, primeira posição no chamado Grupo da Morte,
com um imprevisto desempenho que destroçou três campeões mundiais, dois dos
quais saem precocemente eliminados. Para a Costa Rica, foi como ganhar a Copa,
o que ela dificilmente conseguirá, e digo isso com o mesmo sentimento de
simpatia que inclinou o juiz a favorecer hoje o Uruguai.
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