"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

sexta-feira, 13 de junho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 2: HOLANDA FRENÉTICA!

Foto: Van Persie (IG).
Em Natal, com dois times tão limitados, a chuva não parava, e o trio de arbitragem, provavelmente orientado pela FIFA (que fecha tudo e a tudo diminui), tentava a todo custo evitar que houvesse gol: três foram anulados, dois dos quais sem nenhuma razão. E assim passou, em meio ao fastio de torcedores e espectadores, o primeiro tempo de México versus Camarões. Um jogo de baixa qualidade, pior que o pior dos "clássicos" brasileiros da terceira divisão. No segundo tempo (e confesso que dormi um bocado), para a alegria de muitos e alívio do juiz, o acaso se encarregou de resolver o jogo, com um passe espírita para o Peralta: 1x0 México. Um jogo duro de se assistir, tão pífio quanto o de ontem.

Mas em Salvador os deuses do futebol, que não são poucos, nos reservaram uma surpresa. A um só tempo mais madura e rejuvenescida, a Holanda, com a rapidez de seus contra-ataques e o talento de seus melhores jogadores, triturou o desgastado relógio espanhol, com uma humilhante goleada de 5x1. E por pouco não era 7 ou 8. Sem dúvida que o solo brasileiro não traz eflúvios benéficos para a Espanha. Em seus três mais importantes jogos por aqui, tomou 14 gols e fez apenas 2: 1x6 (1950), 0x3 (2013) para o Brasil e agora o que vimos hoje. Sobre a Holanda, só temo que, como a Dinamarca de 1986 ou a Romênia de 1994, a Laranja se empolgue demais e fique pelo caminho. Espero que não, pois sempre admirei o futebol holandês e torço para que eles cheguem bem longe, inclusive ao título, depois de três vice-campeonatos... De resto, só ao longo do jogo compreendi por que a Espanha foi obrigada a jogar de branco, cor que ela temia, por lembrar a todos a goleada para o Brasil em 1950: o trio de arbitragem ia "jogar" de laranja. Ou seja: a FIFA considera os juízes mais importantes que os 22 jogadores em campo e, assim, obriga que a Holanda insolitamente jogue de azul, e a Fúria, de branco. Arre, FIFA!

Com a vitória do Chile sobre a Austrália por 3x1, num joguinho até mesmo surpreendente, muito mais pela valentia dos derrotados que pela categoria dos vencedores, a Espanha não pode mais perder pontos. Se empatar com o Chile na próxima rodada, corre o risco de ver sua classificação escapar com um simples empate de compadres entre Chile e Holanda na rodada final, supondo-se que esta vai naturalmente despachar a Austrália. Seria um triste fim de Copa para os badalados campeões mundiais de 2010, torneio que, por sinal, eles ganharam mais pela falta de adversários à altura que por seus próprios méritos. A verdade é que, por estes primeiros jogos, o nível técnico parece um pouco melhor que há quatro anos, e a tendência é que grandes jogos aconteçam. Um Brasil versus Espanha na próxima fase seria bem interessante, mas, pelo que se viu hoje, os espanhóis já estão pensando em 2018. E o Brasil deverá enfrentar o Chile.

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