Brasil coletivo (IG). |
Os confrontos, portanto, ficaram definidos: Brasil versus Chile, Holanda versus México.
Neymar compensou seu individualismo com os dois gols, mas o gol mais importante do Brasil foi mesmo o de Fernandinho, resultado de um trabalho em conjunto e que é, no futebol moderno, a essência deste esporte praticado em todo o Planeta: na troca de passes entre Fernandinho, Oscar, Fred e Fernandinho, este fez o gol. Na Holanda aconteceu a mesma coisa: o segundo gol, em mais uma arrancada em velocidade de Robben, a bola passou por três jogadores da Holanda antes de chegar às redes.
O individualismo, consagrado pelo drible, é circunstância, um expediente necessário num momento específico, inevitável, e cujo propósito é livrar-se de um obstáculo, o adversário. Não é algo que se procure. Os dribles de Garrincha, por mais que sejam belos e empolgantes, ficaram para trás.
E a Espanha só na última rodada disse ao que veio nesta Copa. Uma vitória que é antes de tudo melancólica e marca o fim de uma hegemonia que, na minha opinião, sempre foi falsa: uma consequência da transição por que passou o futebol de 2002 para cá. A França volta a crescer, a Holanda se renova, o Brasil consegue se reciclar, a Alemanha se reinventa, a Bélgica ressurge, a Argentina e a Itália se apuram, o Uruguai revive, outras forças surgem, como Chile, Colômbia, México, Costa Rica, EUA e as africanas Costa do Marfim, Gana e Argélia. Dentre os primeiros provavelmente sairá o campeão, com ligeira vantagem para Holanda, Brasil, França, Argentina, Itália e Alemanha. Mas um país de menor expressão pode surpreender, e esta é a Copa das surpreendentes Costa Rica, Bélgica, Colômbia, EUA e Argélia.
Não era, de fato, uma Copa para os decadentes Portugal, Espanha e Inglaterra. O primeiro deposita tudo num jogador, que, por sua vez, parece meio entediado e fleumático em campo, alheio ao que pode produzir e muito afeito às situações de imagem pessoal (Neymar também caminha para isso); a segunda depende por demais de um sistema de jogo que não funciona mais e, além disso, não consegue implantar uma alternativa eficaz; e a terceira vive o fantasma de ter inventado o futebol e não conseguir jogá-lo modernamente.
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