7. A certeza
Nicolau e Ricardo investigavam o assassinato de uma adolescente, recém-ingressa na universidade. Todas as pistas conduziam ao pai.
“Mas não foi ele”, disse Nicolau, com uma firmeza que fez Ricardo se calar.
De fato, ao fim de três dias de investigações, deteve-se um pretendente da moça, que, depois de assediá-la e ser preterido, a violentou e matou.
“Por que tinha certeza de que não era o pai?”, Ricardo perguntou, uma curiosidade juvenil no semblante.
Caía uma chuva fria e miúda, que, no entanto, não os impedia de caminhar lado a lado. Na rua deserta e mal-iluminada a noite era triste. Nicolau falou sem olhar o amigo:
“Ele não era o pai... Só no papel... Não seria incesto. Cê sabe, depois de Freud ficamos conscientes.”
Mais amanhã. Foto: cena do filme Anjos exterminadores (2006), de Jean-Claude Brisseau.
3 comentários:
"Que pena você não ser minha filha, minha irmã e minha mãe,/[tudo ao mesmo tempo". Que já sabia Murilo Mendes, e Freud, e Nicolau...Compêndio da relatividade. Aquele abraço. T
Gosto muito do Nicolau.
Mas a curiosidade juvenil do semblante de Ricardo realmente me eternece.
Mayrant, esse livro está delicioso.
Marie
Mayrant, lembrei-me do conto "O Amor como deve ser', que está no seu afiado livro ' O Inédito de Kafka'.Belíssimo conto! E com um final surpreendente.
Estou adorando passar por aqui!
Um abraço!
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