4. Nepotismo
Nicolau e Ricardo foram chamados para resolver um caso numa cidade do interior – Póci. A cidade é tão pequena que não tem delegacia. Quer dizer, a delegacia funciona num anexo da prefeitura, também residência do prefeito.
“E onde está o delegado?”, perguntou Nicolau.
“Sou eu mesmo”, respondeu o prefeito.
Nicolau e Ricardo se entreolharam.
“E o corpo policial? O senhor tem um corpo policial, não tem?”, perguntou Ricardo.
“Tenho sim, minha guarda pessoal, formada pelos meus três filhos.”
Novamente os olhares dos detetives se encontraram.
“E afinal quem morreu?”, suspirou Nicolau.
“Minha mulher.”
“Sua mulher...?”
“É.”
“Como?”, inquiriu Ricardo.
“Assim”, o prefeito passou o dedo no pescoço, provavelmente querendo dizer: garganta cortada.
“E quem seria o assassino?”, Ricardo de novo.
“Dizem que sou eu”, o prefeito confessou, com naturalidade.
Nicolau e Ricardo pularam do sofá, como se alfinetados nos subúrbios... Houve um silêncio constrangedor, e que os maus autores denominariam pesado. Os dois olhavam fixamente o prefeito, que lhes devolvia o espanto, impassível.
“E onde vamos ficar?”, Nicolau perguntou, conformado.
“No hotel.”
Já sem paciência, Ricardo aumentou o tom de voz: “E onde fica o hotel?”
“Aqui mesmo”, e o prefeito fez um largo movimento de queixo em direção à escada, que conduzia ao segundo andar da prefeitura...
Nicolau e Ricardo foram chamados para resolver um caso numa cidade do interior – Póci. A cidade é tão pequena que não tem delegacia. Quer dizer, a delegacia funciona num anexo da prefeitura, também residência do prefeito.
“E onde está o delegado?”, perguntou Nicolau.
“Sou eu mesmo”, respondeu o prefeito.
Nicolau e Ricardo se entreolharam.
“E o corpo policial? O senhor tem um corpo policial, não tem?”, perguntou Ricardo.
“Tenho sim, minha guarda pessoal, formada pelos meus três filhos.”
Novamente os olhares dos detetives se encontraram.
“E afinal quem morreu?”, suspirou Nicolau.
“Minha mulher.”
“Sua mulher...?”
“É.”
“Como?”, inquiriu Ricardo.
“Assim”, o prefeito passou o dedo no pescoço, provavelmente querendo dizer: garganta cortada.
“E quem seria o assassino?”, Ricardo de novo.
“Dizem que sou eu”, o prefeito confessou, com naturalidade.
Nicolau e Ricardo pularam do sofá, como se alfinetados nos subúrbios... Houve um silêncio constrangedor, e que os maus autores denominariam pesado. Os dois olhavam fixamente o prefeito, que lhes devolvia o espanto, impassível.
“E onde vamos ficar?”, Nicolau perguntou, conformado.
“No hotel.”
Já sem paciência, Ricardo aumentou o tom de voz: “E onde fica o hotel?”
“Aqui mesmo”, e o prefeito fez um largo movimento de queixo em direção à escada, que conduzia ao segundo andar da prefeitura...
O seriado continua. Quadro: Caim ou Hitler no inferno (1944), de George Grosz.
4 comentários:
Gallo,
mal li os primeiros episódios e já percebo que estou meio viciado... onde esta dupla vai parar?
Grande abraço.
O quadro de Grosz dá o tom: humor neste e outros infernos. Aquele abraço. T
E ainda bem que este detetas não estão pra comodismos...Seja em que "infernos" for, eles estão fazendo dos leitores bons farejadores de histórias...
Leitores sentindo-se alfinetados nos subúrbios, eu diria.
Deliciosos episódios.
Excelete Mayrant
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